De olho em um aumento do uso da rede móvel entre a própria base de assinantes pós-pagos, a Telefônica/Vivo lançou nesta segunda-feira, 15, em sua sede em São Paulo, um plano para vários aparelhos sob única conta mensal, o MultiVivo. O pacote permite, a partir de um plano inicial com smartphone, a adição de até cinco outros dispositivos, entre tablets e modems USB. A operadora afirma que o plano multiconexões (o primeiro no Grupo Telefónica e na América Latina) estará disponível inicialmente para 3G e 3G+ (nome comercial do HSPA+ na companhia), mas deverá ser ofertado da mesma forma para 4G após o lançamento da rede, no dia 30 de abril.
Para o diretor de estratégias e novos negócios da operadora, Christian Gebara, a estratégia faz sentido dentro do conceito de sociedade conectada. Uma pesquisa interna da Telefônica/Vivo, com base em dezembro de 2012, afirma que a penetração de tablets entre os clientes que já possuem um smartphone cresceu 15 pontos percentuais no último ano, saltando de 17% para 32%. "É uma realidade no Brasil, e a gente espera que o crescimento seja ainda mais robusto", diz Gebara. Além disso, 67% dos usuários decidiram comprar um tablet para usar a Internet; e 66% acabam usando o device todos os dias.
Ainda nessa base, a tele afirma que 80% dos clientes gostariam de ter Internet móvel no seu tablet (além da conexão Wi-Fi normal), sendo que 69% gostariam de compartilhar o pacote de dados do celular para utilizar também no outro dispositivo. De olho nesse potencial, o MultiVivo permite adicionar um tablet ou notebook por R$ 29 por mês para cada aparelho adicional, ou R$ 49 para cada outro smartphone. O ponto é que o plano exige uma cota única de banda – no máximo 3 GB na tecnologia HSPA+ e provavelmente 6 GB com a chegada do LTE.
A companhia garante que o plano é vantajoso para o usuário, trazendo economia de até 35%. Para a empresa, haverá uma grande adoção que compensará na receita total uma eventual diminuição na receita média por usuário (ARPU), já que o MultiVivo aceita dependentes na conta do titular do smartphone. A Telefônica/Vivo espera que 60% da base de clientes da empresa passe a contar com um plano compartilhado nos próximos três anos.
Modems continuam a ser vendidos separadamente, mas, dependendo do plano, podem até ser conseguidos de graça. A Vivo garante ainda que não proibirá o uso do tethering, ou seja, a transmissão do sinal 3G do smartphone para outros aparelhos (como um Wi-Fi privado), e que os planos Família atuais continuam para quem já é cliente. A falta de flexibilidade na oferta inicial de banda é que poderá afastar quem consome muito: o heavy user, diz Gebara, terá de procurar planos individuais para cada dispositivo, como é feito atualmente.
4G
O diretor-geral da Telefônica, Paulo César Teixeira, diz que a estratégia foi desenhada "em tempo recorde" em outubro, justamente para ter uma oferta do tipo junto com lançamento do LTE. A operadora diz que o investimento no lote mais caro do leilão do espectro de 2,5 GHz, com 40 MHz disponíveis (20 MHz + 20 MHz), já era parte da estratégia que "permitiria mais velocidade de download" na rede. "Estamos sendo inovadores porque nos baseamos em pesquisas, adaptamos o plano para o Brasil e ao perfil de nossa base", explica Teixeira.
Fusão
O anúncio nesta segunda marcou também um ano do início das operações da Telefônica com a marca Vivo para serviços fixos em São Paulo. Citando números de março deste ano, Paulo César Teixeira afirmou que a operadora conta com 91 milhões de acessos no total, sendo 76,1 milhões móveis e 15 milhões fixos, com uma receita de R$ 33,9 bilhões no ano passado. O executivo garante, no entanto, que um aparente desaquecimento no acréscimo de usuários 3G nos últimos balanços da Anatel não bate com a realidade da empresa. "O número (da base 3G) está sendo traduzido de maneira equivocada, pois nem todos os aparelhos rodam dados, tem alguns que são apenas de voz. Não usamos esse número para nós, consideramos apenas clientes novos (na adição líquida) e com aparelhos homologados", garante.
