Estratégia da Algar para 2019 é de manter crescimento orgânico no B2B

Jean Carlos Borges, presidente da Algar Telecom

O desempenho da área de B2B em 2018 ficou em linha com o esperado pela Algar Telecom, especialmente após recentes aquisições e expansões da empresa. Atualmente, essa divisão já responde por cerca de 60% da receita da operadora mineira, o que explica o foco nos investimentos. "É um resultado esperado por conta de todos os investimentos e aquisições que temos feito ao longo dos anos. Isso tem se consolidado, baseado no atendimento e produtos bem avaliados por clientes", destacou em entrevista a este noticiário o presidente da companhia, Jean Borges.

A ideia para 2019 é continuar expandindo a infraestrutura, mas de uma forma mais orgânica. O executivo explica que ainda há muito espaço para crescer dentro das cidades onde já atua. "Quando entramos em operação em Fortaleza no ano passado, não cabeamos toda a cidade, pois somos focados em B2B lá e escolhemos colocar a rede nas regiões onde estão os nossos clientes", explica. Assim, a companhia deixa espaços aonde pode crescer ao longo da rede. Esse mesmo modelo é estabelecido em outras localidades: somente no ano passado, foram 46 expansões.

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Se por um lado a Algar planeja novas expansões orgânicas, por outro não fecha os olhos a possibilidades de consolidação. "Obviamente que antes de a gente sair construindo, sempre analisamos as oportunidades. Às vezes uma pequena ou média aquisição pode acelerar o time-to-market em termos de captura de clientes e maior volume de negociações com parte ou totalidade dos investimentos que faríamos, e aí substituímos por isso [a compra de ativos] em vez de construir." Borges explica que esse foi o caso para a decisão da compra do lote 2 da Cemig Telecom em 2018, por R$ 78,5 milhões. "Percebemos que isso facilitaria a entrada em operação em Fortaleza, Recife e Goiânia", justifica.

Borges diz acompanhar o movimento de consolidação no mercado de provedores regionais, e que a própria aquisição dos ativos da Cemig Telecom no ano passado e da Optitel no Rio Grande do Sul em novembro de 2015 já demonstram que a Algar também está participando da movimentação. "Sempre olhamos para as oportunidades para expandir", diz. "Temos autonomia e toda a movimentação para propor uma aquisição ao conselho de administração."

A companhia entrou em 18 novas localidades no ano passado, especialmente no Nordeste. Borges destaca também como avanço no segmento B2B a inauguração do cabo submarino Monet, operado em conjunto com Angola Cables, Google e a uruguaia Antel.

Varejo

A área de B2C não tem a mesma estratégia. A divisão da Algar para o varejo apresentou queda de receita em todos os serviços, menos o de banda larga fixa. Jean Borges destaca que houve um aumento sobretudo nas conexões com velocidades mais altas, mas o balanço da empresa não mais discrimina essa informação. O executivo diz que é a primeira queda no segmento de varejo observada nos últimos anos, e cita influências do cenário macroeconômico, que teria levado famílias a reajustarem os gastos. "A gente espera que, sobretudo com a banda larga GPON que estamos expandindo para muitas cidades, a gente possa reequilibrar as receitas neste ano." Segundo ele, a convergência de produtos, especialmente com a oferta de fibra, e uma expectativa da melhoria do cenário macroeconômico (com a redução da inadimplência) têm mostrado resultado. "O somatório disso tudo já mostra bons sinais de que temos tudo para reverter essa queda em 2019."

Especificamente no segmento móvel, o presidente da Algar destaca avanço na cobertura 4G e lançamento do LTE-Advanced (chamado comercialmente de 4,5G) em "algumas localidades". Ele diz que o desenvolvimento de novos produtos e serviços tem sido bem aceito. Mas a ideia não é a de realizar aquisições e expansões como no segmento B2B. "O que estamos fazendo é aprimorar novos produtos, serviços e ofertas para os clientes, tentando facilitar as ofertas convergentes em banda larga em fibra. Não temos nada previsto para outros tipos de investimento", declara.

Tanto no varejo quanto no corporativo, a Algar destaca ter obtido no ano passado bons resultados junto aos clientes. Borges diz que pesquisas realizadas por entidades externas mostra que nove em cada dez clientes B2B estão "muito satisfeitos". Em B2C, destaca notas positivas na recente pesquisa da Anatel, além de alegar ser a única empresa de telecom no ranking do site Reclame Aqui.

Expectativas

Perguntado sobre as expectativas da aprovação do PLC 79, Jean Borges mostrou cautela, evitando apostar em datas. Mas reiterou que considera, "como cidadão", um "desperdício de dinheiro que poderia estar sendo servido à população" com a demora, impedindo o direcionamento de investimentos em banda larga. "Pior que gastar com isso [serviços em desuso, como a telefonia fixa] é não poder gastar com coisas que a sociedade valoriza, especificamente a banda larga."

Por outro lado, o futuro leilão de 5G no primeiro trimestre de 2020 é tema de conversas na Algar "com vários tipos de stakeholders", incluindo reuniões com o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais. Para Borges, ainda é necessário resolver questões mais básicas, como o próprio PLC 79 e as legislações para instalação de antenas. Especificamente para o edital de frequências, a questão é saber afinal como seria a disposição de lotes. Dessa forma, a companhia está apenas estudando as possibilidades. No caso de haver alguma divisão na qual uma das quatro grandes teles saia preterida, há alternativas. "Por uma melhor racionalização de espectro, há de se ter ofertas de atacado, que são mais razoáveis e também já são previstas no leilão. Por isso esperamos esse tipo de orientação, vamos seguir essa linha para determinar qual será a melhor postura estratégica."

A conjuntura em relação à fabricante chinesa Huawei em sua disputa com o governo dos Estados Unidos é vista com preocupação. A Algar Telecom hoje tem a maior parte de sua rede móvel abastecida pela Nokia, mas a empresa ainda conta com equipamentos da Huawei. Borges diz que o tema foi debatido em uma reunião entre CEOs de operadoras toda a América Latina durante a Mobile World Congress em Barcelona, no final de fevereiro. "Todos colocaram sua preocupação, até mesmo de que isso não deve se limitar apenas a uma questão geopolítica – pelo contrário, tem de ser avaliada pela real existência técnica ou não do problema em si", afirma.  Ele diz que há o temor de que a crise acabe alcançando outros mercados, mas ressalta que é difícil imaginar o tamanho do impacto para o setor, que dificilmente conseguiria reagir de forma rápida o suficiente com outros fabricantes. Contudo, na visão do executivo da operadora de Uberlândia, tudo isso será resolvido sem maiores impactos no avanço tecnológico. Mas ele destaca que a resolução é necessária ter maior segurança nos investimentos, deixando as teles se preocuparem apenas com a operação.

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