Um serviço de mobile advertising em implementação na Claro está ameaçado em razão de uma disputa judicial entre duas outras empresas que, até agosto passado, eram parceiras: a brasileira Sambora Participações, do executivo Marcelo Ballona (ex-Bandeirantes, Submarino e Yahoo Brasil), e a canadense MyScreen, que tem a gigante Orascom como acionista. O serviço em questão consiste na exibição de propagandas na tela do celular ao término das chamadas. A tecnologia foi desenvolvida pela MyScreen e a Sambora era sua representante para vendas na América Latina e em alguns outros mercados até 1 de agosto passado. Quase três meses após o contrato entre ambas expirar, foi noticiado que a Claro lançaria o serviço após sua controladora América Móvil ter assinado contrato com a MyScreen. A Sambora argumenta que fez todo o trabalho prévio de contato e apresentação do produto ao cliente e quer receber uma comissão por isso. Ballona pretende entrar com um pedido de liminar na Justiça comum para bloquear o serviço no Brasil e solicitou à Câmara de Comércio Brasil-Canadá a abertura de um processo de arbitragem. Enquanto isso, a MyScreen afirma que não fez nada de errado e ameaça mover ação por perdas e danos contra Ballona. A Claro preferiu não se pronunciar, pois entende tratar-se de um problema referente ao relacionamento entre MyScreen e Sambora.
O contrato entre as duas empresas valeu durante 12 meses. A Sambora tinha o direito de vender o serviço, sem exclusividade, na América Latina, Portugal, Espanha e Japão. Porém, havia uma lista de operadoras a serem prospectadas exclusivamente pela Sambora nesses mercados. Nem América Móvil e nem especificamente a Claro do Brasil constam da lista original. Contudo, uma cláusula do contrato abre espaço para que a lista fosse atualizada a qualquer momento, desde que em comum acordo entre as duas partes. Além disso, o contrato tem uma cláusula de "non compete", que protege as prospecções feitas pela Sambora durante nove meses após o término do contrato, ou seja, até 1 de maio de 2010. Ballona argumenta que tem documentada toda a negociação com diversas teles, inclusive com a Claro do Brasil. E afirma que a MyScreen tinha ciência desses contatos com a Claro. A MyScreen, por sua vez, diz não haver qualquer evidência de que Ballona tivesse firmado um acordo com a Claro.
Segundo Ballona, sua empresa teria direito a receber o equivalente a US$ 300 mil da MyScreen pelo contrato firmado com a Claro, por se tratar de uma operadora "tier 1" (com mais de 10 milhões de assinantes), além de 30% da receita bruta com as propagandas veiculadas no serviço.
Atualmente, o serviço da MyScreen está sendo implementado em quatro mercados da América Móvil: Brasil, México, Chile e Argentina. Os lançamentos são esperados para o começo do ano. A MyScreen também planeja lançar em 2010 a plataforma em operadoras da Orascom no Oriente Médio e Europa, assim como na Turkecell, da Turquia, com quem realizou testes este ano.