Relato de um observador ocular da derrota de Roberto Blois, na semana passada, na Turquia, para o posto de secretário geral da UIT: o mundo está testemunhando resultados práticos de uma nova geopolítica em que o principal protagonista é a China. A vitória de Hamadoun Touré, representante de Mali, na África, foi fortemente patrocinada pelos chineses, que têm o vice na chapa, Houlin Zhao, e provável secretário geral nas próximas eleições da entidade. A vitória foi com 95 dos 155 votos.
Segundo outro observador, que acompanha à distância o processo, os chineses desembolsaram mais de US$ 5 bilhões para os países africanos, muitos dos quais até então inadimplentes com a UIT (e, portanto, sem direito a voto). Com a ajuda da China, quitaram suas dívidas e votaram. Foi a primeira vez que candidatos da África se uniram em torno de um único nome. Agora, a UIT está em uma encruzilhada: pode ganhar força com a entrada de países periféricos na cena política, ou perder, com o desinteresse dos (ricos) países europeus. Vale lembrar que a China já havia levado a World Telecom, evento da UIT que tradicionalmente acontecia em Genebra, para Hong Kong.
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