Oi vê como inevitável o processo de concentração no mercado brasileiro

O presidente interino da Oi, Bayard Gontijo, fez sua primeira apresentação pública desde que assumiu a empresa durante a Futurecom, que acontece esta semana em São Paulo. A estratégia da empresa apresentada pelo CEO é essencialmente a mesma que já vinha sendo seguida por Zeinal Bava, mas o tom mudou. Gontijo foi enfático ao dizer que a Oi será protagonista no processo de consolidação que está em curso e colocou essa alternativa como um imperativo para a empresa. No discurso público de Gontijo, os fatores que mais empurram a Oi a ver a consolidação como um imperativo são externos: a rentabilidade dos serviços está caindo (despencou mais de 2 pontos percentuais em cinco anos) e as necessidades de investimentos no mercado brasileiro são brutais, dada a dispersão geográfica (segundo a Oi, o Capex por cliente no Brasil é de US$ 78, contra US$ 46 na média mundial). Além disso, há uma pressão para que os preços dos serviços não aumentem. Gontijo não abordou questões internas da empresa nem se aprofundou sobre as razões da alavancagem da Oi, mas destacou que a empresa seguirá alienando ativos para reduzir a dívida e promovendo uma política rigorosa de controle de custos e investimentos (que caíram 19% no primeiro semestre em comparação com 2013).

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Mas nos bastidores da Futurecom, executivos da empresa não escondiam o alívio que foi a saída de Zeinal Bava, com uma "mudança no clima" da empresa, depois de um longo período de incertezas. E muitos concordavam com o diagnóstico feito pelo ministro Paulo Bernardo sobre o motivo que levou à saída de Zeinal (o empréstimo de 900 milhões de euros para uma empresa falida): foi um desfalque, que minou a confiança da empresa em seu CEO, ainda que ele (Zeinal) não tenha diretamente aprovado o empréstimo. A escolha de Bayard Gontijo parece ser uma solução caseira que teve um efeito importante de devolver a confiança da equipe. Agora o esforço é mostrá-lo como uma boa solução para o mercado.

Internamente, segundo fontes da empresa ouvidas por este noticiário, a Oi tem algumas coisas claras: deve haver alguma operação envolvendo a TIM (pode ser uma compra, uma venda ou uma fusão, ninguém arrisca), e os ativos da Portugal Telecom serão vendidos como parte de fortalecer o caixa da empresa. É tudo uma questão de quando.

Em sua apresentação, Bayard Gontijo evitou temas polêmicos, mas expôs o esforço da empresa no seu processo de turn-around. Houve um corte significativo na quantidade de aplicações de TI em implantação dentro da empresa (com corte de 30% nos gastos), uma grande renovação dos sistemas de gestão de equipe e cortes de custos em várias áreas. Mas o destaque da palestra foi a ênfase na questão da consolidação. Segundo ele, isso não é "uma realidade apenas para a Oi, mas de todo o mercado". Gontijo também lembrou que o mercado de telecomunicações está com os seus preços deprimidos há muito tempo e será necessário, em algum momento, fazer uma recomposição de valores, como aconteceu com as indústrias de energia e como tenta fazer a indústria de transporte aéreo.

Do ponto de vista da estratégia operacional, a Oi segue apostando na oferta combinada de produtos, sendo a TV por assinatura o carro chefe da oferta residencial, e o pré-pago como o carro chefe da oferta móvel. Terminada sua apresentação, Gontijo preferiu não falar com jornalistas.

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