Publicidade
Início Newsletter Em evento de telecom, HBO (hoje uma empresa da AT&T) defende importância...

Em evento de telecom, HBO (hoje uma empresa da AT&T) defende importância da cultura criativa

O choque de culturas entre a AT&T e a HBO, uma das empresas que foram incorporadas ao portfólio da gigante de telecomunicações após a fusão com a Time Warner, é talvez o grande acontecimento a ser observado agora que o merger já está consolidado nos EUA. E pela primeira vez, Richard Plepler, CEO da HBO, manifestou-se publicamente, justamente durante o Mobile World Congress Americas, o evento da indústria de telecomunicações que aconteceu esta semana em Los Angeles. A mensagem de Plepler foi, claramente, uma defesa da cultura empresarial por trás da indústria criativa. Sem fazer contraponto à cultura de uma empresa de telecomunicações nem em contestar nenhuma das diretrizes estratégicas que moveram a AT&T a pagar mais de US$ 85 bilhões pelo grupo Time Warner, Plepler reiterou várias vezes: “a chave para trabalhar com conteúdo é ter os melhores talentos e se influenciar por estas pessoas”. Ele destacou que esta cultura que sempre prevaleceu na HBO, com grande liberdade de investimentos em criação de conteúdos, é o que levou a HBO a ser uma empresa lucrativa (lucro de US$ 2 bilhões em 2017) e com 142 milhões de assinantes em todo o mundo.

Para entender o contexto da fala de Plepler é preciso voltar a uma reportagem do New York Times, que em julho teve acesso às gravações de uma conferência interna da HBO em que John Stankley, executivo da AT&T agora responsável pela Warner Media (chefe de Plepler portanto) cobrou da HBO que produzisse mais e conseguisse mais engajamento dos assinantes. Na ocasião, Plepler pareceu desconfortável com a cobrança, dizendo que “mais nem sempre é melhor. Só o melhor é o melhor”. Com a mudança para o comando da HBO, o mantra mudou: “Apenas o melhor é melhor, mas precisamos de mais para sermos ainda melhores”, repetiu Plepler.

“O fato de termos sido ultrapassados em investimentos por outras empresas, nada disso nos tira do foco de entregar o que prometemos”, disse Plepler durante o MWCA. “Agora temos que fazer isso em um mercado ainda mais rico. Mas as pessoas precisam ter certeza de que os nossos shows terão excelência. E que possam se engajar o tempo todo”. Ou seja, Plepler não quer que a HBO sacrifique a qualidade em nome de ser uma máquina de conteúdo. Vale lembrar que a HBO investe US$ 2 bilhões ao ano em conteúdo, enquanto a Netflix tem investido US$ 8 bilhões.

Notícias relacionadas

Plepler disse que a indústria de TV por assinatura amadureceu e entendeu que o streaming e as plataformas OTT não necessariamente canibalizam o modelo tradicional. “Quando começamos a pensar no modelo da HBO Go muita gente temia que isso canibalizaria nosso modelo tradicional, mas isso não aconteceu e crescemos em todas as plataformas”, disse. “A banda larga só cresce e temos que estar disponíveis onde e como eles (os assinantes) quiserem. Queremos o acesso livre ao consumidor. O que vimos, e temos dados sobre isso, é que se a audiência crescer e nós seguirmos entregando nosso produto, vamos crescer junto, e isso está sendo provado”.

Outra frase que Plepler precisou esclarecer, também dita na reunião com a AT&T reportada pelo New York Times em julho, foi a afirmação de que “a cultura (empresarial) come a estratégia de café da manhã”, dando a entender que não haveria estratégia da AT&T que resistiria à cultura da empresa. Em Los Angeles, durante o MWCA, ele disse: “O que quis dizer é que sempre precisamos ser flexíveis.Temos que estar o tempo todo nos adaptando. É preciso criar  um ambiente em que se possa ter uma discussão aberta sobre todos os assuntos. Não pode ter uma conversa honesta é a pior falha que uma organização pode ter”, afirmou. Ele lembrou que uma empresa de conteúdo é tão boa quanto as pessoas e talentos que trabalham nela. E que na indústria do entretenimento muitos erros acontecem porque há um conjunto de variáveis intangíveis que você não tem como calcular para definir o sucesso de um produto. “O que não se pode é ter uma cultura em que o  time criativo tenha medo, seja da competição, seja das pressões internas. As pessoas precisam correr o risco, não se pode estar certo o tempo todo. Mas se elas estiverem confiantes e criarmos um ambiente adequado, as pessoas talentosas virão e o resultado aparece”.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile