Após reportar o primeiro lucro da história no primeiro trimestre, a Alloha Fibra manteve o ritmo nos resultados do segundo trimestre divulgados na noite desta quarta-feira, 14. A receita do grupo cresceu 4%, para R$ 419 milhões.
Também nos três meses até junho, a companhia de telecom da EB Capital mais uma vez reverteu o prejuízo de R$ 2 milhões no ano passado para um lucro líquido de R$ 9,4 milhões. O mesmo ocorreu no semestre, alterando o prejuízo de R$ 4,3 milhões em 2023, para um lucro líquido de R$ 17,8 milhões no primeiro semestre deste ano.
Em entrevista exclusiva concedida ao TELETIME para comentar os resultados do balanço, Fernando Stucchi, VP de finanças, auditoria & compliance e supply chain da Alloha Fibra, afirma que a melhora apresentada na operação é resultado da unificação das diversas marcas adquiridas pela operadora nos últimos anos.
"Nos últimos 12 meses, estamos passando por um processo de incorporação e integração muito grande. Isso faz com que, naturalmente, a gente tenha um ganho de sinergia, de eficiência e de escala muito relevantes", afirma o executivo.
Foram seis marcas integradas ao longo do primeiro semestre, sendo três no primeiro trimestre e outras três no segundo. Com o trabalho, a empresa adotou a marca comercial Giga+.
Receitas
Esse processo também levou a operadora a incrementar a sua receita líquida em 4% no segundo tri, para R$ 419 milhões, mesmo desempenho no semestre (+4%), quando a receita alcançou R$ 830,4 milhões.
E a melhorar indicadores como Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que saltou 6,5%, para R$ 188,5 milhões entre abril e junho. A margem Ebitda passou de 43,8% para 44,7%. Já no período entre janeiro e junho, o Ebitda fechou em R$ 385,3 milhões (+10%), com margem de 46% (+2 pontos percentuais).
Negócio azeitado
Agora, com o negócio azeitado, Stucchi aposta em uma performance ainda melhor a partir da segunda metade de 2024.
"Vale lembrar que a gente tem o primeiro semestre ainda poluído com 'antissinergias', já que eu gasto dinheiro para poder criar sinergias no futuro. Quando a gente olha o segundo semestre, ele deve vir com um lucro muito mais limpo", diz.
A estratégia permite um direcionamento unificado da empresa a nível nacional. "Eu tenho um foco maior no B2B, agora em regiões onde eu não tinha uma penetração tão relevante. Então, naturalmente, a gente deu menos ênfase no primeiro semestre para essa estratégia, porque o foco era a integração e deixar a companhia única e eficiente", completa Stucchi.
Próximos passos
Após focar em ganho de eficiência operacional na primeira parte do ano, a Alloha terá um foco maior no cliente final, o que deve proporcionar não só um ganho de margem, como também de escala, afirma o executivo responsável pelas finanças. No primeiro semestre, a empresa agregou 71 mil clientes à base.
Como exemplo, ele menciona dois movimentos recentes. O primeiro é a aprovação, junto ao BNDES, de um financiamento no valor de R$ 148 milhões com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para a expansão dos serviços de banda larga em 18 municípios do Maranhão e outros nove no Pará. Isso deve agregar mais de 300 mil novos domicílios à base.
A segunda iniciativa é uma operação com o Finep para um financiamento de R$ 51 milhões, voltado à infraestrutura e tecnologia.
"Nós investimos bastante na melhoria do app, para deixá-lo mais amigável ao nosso cliente, ter um atendimento com o cliente mais dinâmico, ofertas digitalizadas melhores e melhorar os sistemas internos", exemplifica o VP, sobre as iniciativas em curso.
Aquisições
Além disso, com a operadora mais estruturada o time também pode voltar as atenções para as oportunidades de M&As, fortalecendo também o avanço inorgânico – interesse já reiterado pelo CEO Lorival Luz ao final do primeiro trimestre.
"Quando eu faço M&A, essa integração é muito mais rápida, é muito mais simples. E eu capturo essa sinergia muito mais rápido também", diz. Ele recorda que o board chegou a reduzir o ritmo de olhar sobre novas oportunidades de aquisições. "O time sempre olhou. É que a gente achava que o momento não era oportuno, seja pelo custo das empresas, seja pela própria companhia não estar pronta para receber novas empresas", explica.
"[Mas] a gente acha que agora, principalmente pela companhia estar pronta para receber novas empresas, a gente começa a olhar isso de uma forma mais próxima. Sempre dentro da nossa rede, adjacente à nossa rede. Nunca numa região onde a gente não tem atuação nenhuma", completa Stucchi.
No momento em que o carro-chefe das receitas é B2C, com 83% do total e cerca de 1,6 milhão de clientes, o entendimento é que a prestação de serviços ao consumidor final deve prosseguir em um ritmo "interessante".
Mas é na venda para empresas que, deixando de olhar apenas para a região Nordeste para focar em todo o Brasil, que a companhia vislumbra uma grande avenida de crescimento. "Eu acho que o B2B tem uma alavanca de crescimento interessante para os próximos ciclos, pois há uma oportunidade que antes a gente não capturava".
Abertura de capital
Outro movimento que chamou a atenção do mercado foi o pedido, em abril, do registro de categoria "A" na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A iniciativa deu início a especulações sobre a possibilidade de abertura de capital, o que Stucchi não descarta – embora não seja o foco neste momento.
"Isso [o pedido de registro] vai, naturalmente, criar possibilidades para o futuro. [O IPO] está dentro do nosso pipeline, mas a gente é uma empresa investida de private equity. A gente sempre tem que abrir o leque e dar novas oportunidades para rentabilizar o capital do nosso acionista. Um IPO é uma delas. A gente não vislumbra a janela e não está se preparando para isso, mas preparando a companhia para qualquer que seja a saída".
"Então, a gente tendo uma governança alta, registro categoria A, rating brA+, integrada, crescendo margem e gerando caixa, a gente vai cada vez mais abrir as oportunidades para o futuro. Isso não está no curto prazo, mas vai ser sempre uma oportunidade que vai depender do mercado e do acionista", completa.