Modelo de negócios para baixa órbita traz desafios

O modelo de negócios para satélites de órbita baixa e média (LEO e MEO) é desafiador por conta da vida útil e os custos de manutenção envolvidos. Esta foi a avaliação do CCO da Eutelsat Americas, Javier Recio, durante o Congresso Latinoamericano de Satélites nesta terça-feira, 14. A estratégia na qual a conta fecha para a companhia para esses tipos de artefatos, ao menos inicialmente, é em Internet das Coisas. "O Capex na LEO é de três a cinco vezes maior", estima o executivo se referindo a projetos da OneWeb e da SpaceX. "É difícil ver como ter um modelo de negócios viável, em bilhões."

Os custos são maiores por conta da necessidade de múltiplos gateways, que exigem autorização regulatória em cada território. Da mesma forma, há a necessidade de alinhamento regulatório para constelações que utilizam as mesmas frequências de órbitas geoestacionárias.

A vida útil também é um problema. "Para a indústria, há o desafio de tempo: você já tem que investir de novo quando completar a frota [com novos satélites para substituir os antigos]", afirma. Outro ponto ainda é o custo do terminal. Por isso, Recio acredita que só haverá viabilidade nesse tipo de aplicação quando o preço desses equipamentos cair da casa de milhares de dólares para centenas.

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"Não significa que não acreditamos em LEO/MEO, estamos acreditando em certas aplicações, fazendo investimentos pequenos e cautelosos, e no próximo ano lançaremos um satélite do tipo para aplicação alvo em IoT", conta o executivo. O artefato terá custo menor e será destinado a redes de baixo consumo energético e amplo alcance, as LPWA. "São sensores, telemetria, todas essas aplicações pequenas que podem ser assumidas pela constelação LEO. Isso vai nos dizer se valerá a pena investir completamente", declara.

Ele explica que há vantagens técnicas para o uso de satélites LEO e MEO em banda larga e aplicações de conectividade embarcada em aeronaves por conta da redução da latência, provendo conectividade "tipo fibra em velocidade e custo", mas que os satélites HTS em órbita geoestacionária (GEO) são mais eficientes para isso. Recio acredita na sinergia entre os artefatos de diferentes altitudes, por isso afirma que a empresa trabalha com inteligência embarcada para poder migrar beams e interagir frequências.

Vida útil

Andy Tillmann, vice presidente de business development da SSL, entende que há avanços na indústria que permitem prolongar a vida útil desses satélites de menor porte e órbita mais baia. "Trabalhamos com a Skybox, eles achavam que iria expirar em dois anos, o que aconteceu foi que a realidade foi bem maior. LEO e MEO não estão expirando em três ou cinco anos, mas sim de sete a dez anos", diz. O ponto crucial para ele é o requerimento de proteção a efeitos de radiação – segundo o executivo, a empresa trabalha em escudos que conseguem resistir mais, chegando até 12 anos de vida útil.

A SSL trabalha com um sistema de cápsulas (pods) para colocar os nanossatélites em órbita, enquanto também constrói pequenos sets para expandir a base de consumidores – que antes era estritamente comercial, e agora divide igualmente com a área de goerno. Tillmann cita ainda aplicações com latência e custo mais condizentes com a MEO, como a de carros autônomos/inteligentes. A companhia conta com 90 satélites LEO em construção ou já construídos.

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