Impasse deixa futuro da frequência 3,5 GHz incerto no País

Após declarações da Anatel em junho sobre uma possibilidade de leilão da faixa de 3,5 GHz até o final do ano, o setor de radiodifusão criou alguma expectativa sobre o assunto. Um grupo com membros da agência, da indústria e operadores foi formado para realizar estudos técnicos sobre a viabilidade da utilização da frequência simultaneamente com a rede móvel, mas ainda há um impasse: a solução até agora encontrada não agrada a todas as partes.

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A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) afirmou não haver possibilidade de coexistência, pelo menos até o momento. Segundo o diretor-geral da associação, Luís Roberto Antonik, “os radiodifusores apresentaram alguns testes e mostraram que a convivência com o serviço WiMAX com a recepção da banda C é incompatível, pois acontecem interferências”.  A frequência alcança, atualmente, cerca de 22 milhões de antenas parabólicas que levam o sinal de TV a lugares de difícil acesso, como áreas rurais ou comunidades carentes.

Assim, a Abert alega que, pela complexidade do caso, há muitas dificuldades, impossibilitando a aplicação de modelos utilizados em outros países, por exemplo. “Não existe alternativa porque o nosso sistema de recepção é único”, afirma Antonik. A banda C não é atualmente regulamentada pela Anatel, o que provocou uma ocupação desordenada da frequência ao longo dos anos. “Não é um sinal preparado para o público, não tem sequer propaganda [nos intervalos comerciais da transmissão da TV aberta]. Surgiu pela necessidade das pessoas, então apareceu como negócio e ficou desse tamanho espetacular como é esse parque de antenas”, opina.

Potência

Pelas análises técnicas do grupo, seria preciso fazer uma combinação de fatores que incluam receptor com filtro, certificação desse aparelho, uso de uma potência baixa e uma banda de guarda para tornar possível essa convivência de serviços. No entanto, há chances de interferência mesmo com uma potência na casa de 4 W (o WiMAX consome entre 2 W e 30 W), o que tornaria a fiscalização dos receptores algo indispensável. Outro ponto seria alterar a destinação da faixa de radiofrequência na 3GPP, associação colaborativa internacional entre grupos de telecomunicações que padroniza tecnologias de redes, mas isso poderia acabar levando muito tempo e deixar o processo moroso demais.

Por outro lado, existe a possibilidade de se abandonar o WiMAX em favor do LTE nesse espectro, embora não deva ser uma prioridade para a Anatel, que ainda conta com sobras de 2,5 GHz e até mesmo um possível uso do 700 MHz para o 4G. No final das contas, o impasse continua – até porque a agência está procurando agir com cautela para que haja o máximo de certeza possível antes de proferir um passo rumo a uma licitação.

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