Alta definição também é desafio para operadores de MMDS

Uma questão que chamou a atenção dos operadores de MMDS durante a ABTA 2008 foi o posicionamento final do superintendente de comunicação de massa da Anatel, Ara Apkar Minassian, ao debater a questão do futuro do serviço diante da realidade do WiMax. Minassian encerrou a sua participação na sessão dizendo: "sei que o futuro é HD (alta definição), e isso tem que ser levado em consideração. Quem não investir vai perder a banda. Sei que é difícil, mas vamos lá. Tenho certeza do esforço de vocês, mas quem está pensando em analógico não tem futuro".
A declaração foi bem recebida pelos operadores por uma razão: eles já estavam se convencendo de que o MMDS precisa se preparar não só para ser digital (e muitas operadoras já estão digitalizadas) como tem que se preparar para a oferecer canais em alta definição. O problema é espectro. Muitos operadores, que hoje trabalham com 186 MHz de espectro na faixa dos 2,5 GHz, devem renovar suas outorgas em fevereiro de 2009, e existe uma dúvida sobre como a Anatel vai conduzir a questão, já que o que está previsto é que para novas outorgas a banda deve ser reduzida para 110 MHz. Como estes operadores já ocupam o espaço de 186 MHz, dizem que não há como a Anatel reduzir a faixa, e nesse sentido as declarações de Minassian foram interpretadas como um sinal de que a agência está sensível a esse problema de espaço. Além de precisarem de espectro para fazer o serviço de vídeo inerente ao MMDS, precisam fazê-lo em alta definição e ainda precisam oferecer serviços banda larga.
Ainda mais se o PL 29 for aprovado, o que deve obrigar os operadores de MMDS digitais a levarem os conteúdos das redes de TV aberta, e em muitos casos estes conteúdos estão em alta definição. Ou seja, os 186 MHz que no passado pareciam muito, agora já são pouco para o que a competição impõe.

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Sem mobilidade

É no quesito banda larga que a coisa complica, pois o caminho natural é que se adote a tecnologia WiMax, única capaz de oferecer a estes operadores uma capacidade competitiva com as redes de cabo e fibras-ópticas. Mas a Anatel não quer que WiMax seja sinal de mobilidade. Carlos Barreiros, diretor geral da Acom, por exemplo, disse que não tem nenhum plano de prestar serviços móveis. "Meu negócio é banda larga e TV paga. É isso que eu quero fazer. Se o WiMax vai ser fixo, não tem problema". A Telefônica também planeja usar a faixa de MMDS para prestar serviços de banda larga e complementar a cobertura de vídeo digital, diz Marcos Bafutto, diretor de regulamentação da empresa, mas não cogita trabalhar com o serviço móvel.
E, de fato, nos pedidos de homologação de equipamentos para a faixa de WiMax para 2,5 GHz há garantias de que as funções que permitem a mobilidade, como o hand-off, estão desabilitadas. Da mesma forma, será possível associar o usuário a um único setor de cada célula, restringindo ainda mais a mobilidade.
Ainda assim, as empresas não receberam a homologação e, segundo a Motorola, foi por ordem da agência, que possivelmente está analisando cuidadosamente o problema. Mas como já houve a homologação para a faixa de 3,5 GHz, não deve haver maiores dificuldades.
De qualquer maneira, os operadores de MMDS estão aliviados que a agência tenha percebido a importância da alta definição para a sobrevivência da indústria.

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