Proposta de caixinha sem o Ginga vira impasse no Gired

O Gired (grupo de implementação da TV digital terrestre) adiou para o final deste mês ou para o início de agosto a decisão sobre a nova configuração do decodificador da TV digital que será distribuído para os beneficiários do Bolsa Família. A proposta das teles é de que a nova caixinha traga uma interatividade limitada, sem o sistema Ginga. A proposta tem o apoio da radiodifusão comercial e o repúdio dos representantes das emissoras públicas e, principalmente, fica fora das especificações impostas pela portaria do antigo Ministério das Comunicações.

O presidente do Gired, Rodrigo Zerbone, afirma que a posição das teles não é a do grupo, e que vai continuar trabalhando para que se chegue a um mínimo de consenso. Porém, adianta que, se não houver solução para o impasse, a decisão partirá dele. O grupo se reuniu nesta quarta-feira, 13. Zerbone disse que a decisão sobre a caixinha é urgente para garantir a distribuição do equipamento ainda para Brasília, que tem o desligamento do sinal analógico marcado para outubro deste ano.

Além do Ginga C, a proposta apresentada pela Entidade Administradora da Digitalização (EAD) prevê a retirada da porta de rede Ethernet e da porta HDMI, a adição de driver integrado para o módulo (dongle) Wi-Fi e um cabo para áudio e vídeo. Mediante solicitação, de acordo com a proposta, seria entregue um cabo de RF para o beneficiário.

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Para os representantes da radiodifusão comercial, a caixinha atual do Bolsa Família está excessivamente cara por conta da interatividade, que sequer é usada. Eles argumentam que pesquisas realizadas por entidades diferentes indicam que as pessoas não estão usando esse recurso. E citam que pesquisa do Ibope feita em Rio Verde (GO) aponta que menos de 1% das famílias que receberam o conversor experimentaram a tecnologia. "O Ginga C já foi ultrapassado por novas tecnologias", ressalta uma fonte do setor.

Outro argumento dos radiodifusores é de que o preço da caixinha estaria próximo a R$ 300 e, dessa forma, consumiria todos os recursos da digitalização. Para eles, é melhor um conversor mais barato – o proposto pela EAD ficaria em R$ 150 –, que garantiria a distribuição para um número maior de famílias, permitindo o avanço da digitalização.

Porém, o maior entrave para que a proposta das teles prospere é a Portaria 481/2014, do antigo Ministério das Comunicações, que estabelece os requisitos mínimos da caixinha. O documento fala de interatividade, mas não cita o Ginga. No entanto, obriga a incorporação da norma da ABNT que inclui o middleware brasileiro. Ou seja, para mudar radicalmente o conversor, seria necessário alterar a portaria e outros documentos que a citam.

Pesquisa

Outro ponto sem consenso na reunião do Gired desta quarta-feira foi a metodologia utilizada pelo Ibope na pesquisa para medir o grau de digitalização em Brasília. Os radiodifusores acusam as teles de considerar todos os aparelhos de TV de tela fina como já aptos para receber a transmissão digital. Porém, de acordo com os representantes da radiodifusão, 32% dos televisores de tela fina vendidos no Brasil não dispõem do conversor embutido.

A EAD nega que esteja considerando a totalidade desses aparelhos como digitais, mas os números apresentados não convenceram os radiodifusores. Esse impasse – que representa até 3 pontos percentuais para baixo ou para cima – também será novamente debatido na próxima reunião do Gired.

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