Presidente se diz tranqüilo e Planalto se esquiva sobre Carvalho

O Palácio do Planalto não está preocupado com a Operação Satiagraha. Pelo menos foi essa a postura que os participantes da reunião da coordenação política tentaram passar após o encontro com Lula. "O Presidente não está preocupado. As coisas têm que ser investigadas", contou um dos participantes com o compromisso de não ser identificado.
O encontro de ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu na tarde desta segunda-feira, 14, e contou com a presença dos ministros Tarso Genro (Justiça), Paulo Bernardo (Planejamento), Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Comunicação Social), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e José Múcio (Relações Institucionais). Também estavam presentes o vice-presidente, José Alencar, e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho.

Excesso

Notícias relacionadas

Genro fez uma apresentação sobre a Operação Satiagraha e reclamou sobre os "excessos" e o "sensacionalismo" da ação da Polícia Federal. Segundo fontes, o ministro teria dito que "esta não foi a orientação" dada à polícia.
O próprio presidente Lula teria reclamado também do "exagero" nas prisões e do uso ostensivo de algemas durante as prisões da Operação Satiagraha, referindo-se à exposição das imagens do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta algemados.

Carvalho

A interceptação telefônica feita pela Polícia Federal de uma conversa entre o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, que hoje trabalha para o Opportunity, não foi tema na reunião da coordenação política, segundo informações oficiais do Palácio do Planalto. A interpretação que circula no Planalto é que não houve nada errado na conversa entre Carvalho e Greenhalgh.
Este é o mesmo argumento usado pelo próprio chefe de gabinete, apresentada em nota oficial. No documento, Carvalho conta que a conversa foi sobre um cliente de Greenhalgh, que teria sido seguido por uma pessoa que se identificou como tenente da Polícia Militar de Minas Gerais. O cliente era Humberto Braz, ex-diretor da Brasil Telecom e funcionário de Dantas. Segundo a nota, na época da ligação (28 de maio) o chefe de gabinete desconhecia a identidade de Braz.
Carvalho diz ter confirmado que o tenente trabalha para a Presidência, mas que sua atuação "nada tinha a ver com o cidadão citado". Então Greenhalgh teria pedido que ele obtivesse mais informações junto à Polícia Federal, o que Carvalho não teria concordado. "Como já havia dado a informação essencial ao advogado no que dizia respeito à segurança pessoal de seu cliente, não fiz contato algum nem com o Ministério da Justiça e nem com a direção ou qualquer integrante da Polícia Federal", afirma na nota.

Grampos

Apesar de, oficialmente, a interceptação das ligações entre Carvalho e Greenhalgh não ter sido tema de discussão, o grampo acabou gerando desdobramentos dentro do Planalto. Tarso Genro pediu que o ministro José Múcio ajude na articulação para a aprovação de um projeto que atualmente tramita na Câmara dos Deputados sobre o uso de grampos em investigações criminais. O projeto em questão (PL 3.272/08) revoga a Lei de Interceptação (9.296/96) e exige que os pedidos de interceptação para uso investigativo partam sempre do Ministério Público ou, no mínimo, tenham aval da entidade. Os policiais também precisam provar que o grampo é fundamental para o trabalho criminal e incluir detalhes sobre o delito cometido e o acusado.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!