V.tal enfrentará desafios com Nio no mercado de banda larga, avalia S&P

Em relatório de avaliação de riscos emitido no âmbito da nova emissão de debêntures da V.tal, a agência de classificação Standard & Poor's (S&P) avaliou que a operadora deve enfrentar desafios na consolidação da unidade de banda larga via fibra adquirida da Oi, e agora rebatizada de Nio.

"A conclusão da aquisição da Nio cria uma empresa maior e com novos desafios", assinala a S&P no relatório datado de abril. "A Nio agrega cerca de 4 milhões de clientes de banda larga fixa e deve representar cerca de metade das receitas totais [da V.tal] em 2025".

"Dado o tamanho e complexidade da Nio, acreditamos que a empresa possa ter desafios na integração das operações, com investimentos importantes em sistemas e readequação de marca nos próximos anos", prossegue a agência de risco.

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Outras possíveis variáveis indicadas são o impacto dos custos de transação e esforços para limpeza e expansão da carteira de clientes da antiga unidade da Oi. Soma-se a isso uma própria necessidade de capex anual na V.tal de cerca de R$ 3,8 bilhões nos próximos dois anos, sobretudo para a conexão de novas casas e na operação de data centers, estima a agência.

Neste sentido, a S&P vislumbra um impacto da consolidação na margem Ebitda ajustada da V.tal, passando de 46,7% em 2024 para algo em torno de 26% neste ano. A recuperação seria gradual, com 29% de margem em 2026 e 34% em 2027. Vale notar que em 2024 a V.tal teve receita de R$ 7,7 bilhões, e que neste ano a S&P projeta R$ 8,9 bilhões em faturamento.

Riscos

Conforme pode ser constatado no prospecto de lançamento de debêntures da V.tal, ao endereçar eventuais riscos durante a emissão, a própria operadora abordou parte das questões que devem ser enfrentadas no mercado de banda larga – apontando sobretudo a necessidade de um reposicionamento (turnaround) da unidade adquirida.

"No caso específico da Nio, o sucesso da sua integração às nossas operações depende da implementação eficaz do plano de turnaround, que visa otimizar sinergias e consolidar ganhos operacionais. Caso o plano de turnaround não seja adequadamente executado, poderemos enfrentar impactos adversos em nossas operações financeiras e resultados operacionais", reconhece a V.tal.

Outros pontos observados são a necessidade de administração de potenciais conflitos de interesse (dado a posição da V.tal como fornecedora de "redes neutras" de fibra para demais operadoras) e o risco de diminuição na base de clientes da Nio ou alta taxa de rotatividade.

Neste último caso, considerado de probabilidade média, a V.tal afirma que a taxa de aquisição de clientes pode ser afetada de forma negativa pela penetração total no mercado de banda larga, que estaria enfrentando mudanças significativas com a intensificação da competição.

"Além disso, diversos fatores além das pressões de concorrência podem influenciar a taxa de aquisição de assinantes e a taxa de rotatividade da Nio, incluindo cobertura de rede, falta de serviço confiável e condições econômicas no Brasil", afirmou a V.tal, no exercício de identificação de possíveis riscos.

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