A operadora de infraestrutura e redes neutras V.tal divulgou na noite desta segunda-feira, 14, o balanço financeiro referente ao primeiro semestre de 2024. No período, o lucro líquido da companhia representou um avanço expressivo (+302,4%), totalizando R$ 230 milhões.
Entre janeiro e março, a empresa apurou receitas líquidas com bens e serviços da ordem de R$ 1,71 bilhão (+23%). Segundo a V.tal, os resultados foram influenciados pela base acumulada de casas conectadas no segmento de infraestrutura para varejo (principalmente FTTH), a performance na linha de conectividade nacional e internacional (atacado) e a operação de cobre já em andamento, o que afetou tanto a receita quanto o seu custo.
Administrada pelos fundos do BTG Pactual, a operadora de redes neutras soma mais de 491 mil quilômetros de fibra, com cerca de 22,1 milhões de HPs (casas passadas). Essa infraestrutura atende, no atacado, operadoras e provedores de Internet em diferentes regiões. Até 31 de março, a empresa reportava mais de 80 contratos com operadoras de escala nacional ou regional de serviços de banda larga.
Participação da Oi
Criada a partir do processo de separação de ativos da infraestrutura de fibra da Oi, no âmbito da recuperação judicial da tele, a receita bruta da Oi representava 72% dos serviços prestados pela V.tal no primeiro trimestre, abaixo do patamar de 80% registrado em igual período de 2023.
Além disso, a V.tal ressalta que monitora a evolução da recuperação judicial da Oi, acompanhando os fatos que possam modificar as estimativas sobre os ativos relacionados à tele. Isso porque os ativos intangíveis de vida útil da V.tal relacionados a contratos de longo prazo com a Oi somavam R$ 1,81 bilhão até 31 de março, sendo R$ 524 milhões de amortização acumulada.
Esses contratos de longo prazo ainda estão vigentes e dizem respeito à cessão de direito de uso de parte de espectro em fibra óptica apagada, relacionados originalmente à entidade incorporada Globenet, com R$ 2,40 bilhões referente ao contrato de FTTH e outros R$ 273,6 milhões referentes do contrato de B2B.
Neste sentido, a V.tal afirma que, como parte das suas operações, há mecanismos de proteção relacionados aos contratos de prestação de serviço entre a companhia e a Oi, pautada por uma alienação fiduciária que garante que os recursos mensais de parte dos clientes do segmento de FTTH da Oi sejam usados para pagar a V.tal.
"Os fatos e circunstâncias conhecidos até a data de emissão dessas informações trimestrais não indicam a existência de impactos significativos que possam vir a afetar as operações da companhia, em decorrência do pedido de recuperação judicial da Oi", ressalta a operadora de infraestrutura e redes neutras.
Compra da ClientCo
Vale lembrar que no final de abril, a V.tal se comprometeu a adquirir, em segunda rodada, 100% da ClientCo, a unidade de clientes de fibra óptica da Oi, caso não haja interessados no negócio em primeira rodada.
O movimento gerou questionamentos no mercado sobre a continuidade da neutralidade da rede da operadora de infraestrutura, já que a companhia poderia se posicionar como concorrente dos seus próprios usuários de rede neutra com uma eventual aquisição da ClientCo.
Dessa forma, a V.tal informou que, caso venha a comprar a base da Oi, manterá esta unidade "totalmente apartada" de suas demais operações.