Focada na conclusão da fusão com a GVT, que deverá acontecer em duas semanas, a Telefónica pretende promover "uma integração muito suave" entre as empresas, apostando na condução do futuro CEO Amos Genish ao cargo. "Acreditamos que, com a combinação, temos os melhores ativos e gestão do Brasil", declarou o vice-presidente operacional, José María Álvarez-Pallete, durante teleconferência com investidores nesta quinta-feira, 14. Ainda assim, a companhia continua adepta de um eventual movimento de consolidação no Brasil. "Somos líderes de mercado e podemos nos beneficiar de várias maneiras com uma potencial consolidação. Acreditamos e apoiaríamos", declara.
Referindo-se a um comentário anterior do executivo espanhol sobre a consolidação do setor no País esperar um "alinhamento de estrelas", um analista indagou então qual seria a atual "atividade cósmica" no mercado brasileiro. Álvarez-Pallete respondeu: "Nos alinhamos com uma das estrelas mais brilhantes no Brasil, que era a GVT, mas o resto está meio nublado, então não conseguimos ver as estrelas".
Ele deixou claro que faz sentido haver o movimento de consolidação, já que há sinergias em potencial muito grandes. Mas indica que o passivo regulatório (oriundo da concessão do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC) é um obstáculo a ser enfrentado. "Precisaria endereçar algumas coisas, e um item importante é a renegociação dos contratos de concessão neste ano, que afeta diferentes players e pode tirar um dos bloqueios. Outra possibilidade seria a entrada de um novo concorrente, e potencialmente esses novos concorrentes poderiam desinvestir no mercado", declara José María Álvarez-Pallete. Ou seja: faria sentido para um novo entrante comprar uma empresa como a Oi se pudesse se livrar do passivo do STFC.
Por outro lado, o executivo chama a movimentação em direção a uma consolidação pan-europeia de "euforia", afirmando estar feliz com o alcance atual do grupo, especialmente na otimização operacional para entregar as sinergias prometidas com as transações já efetuadas. "Não temos nenhuma ambição em entrar na euforia dessa consolidação", diz Álvarez-Pallete.
Foco em dados
O desempenho no Brasil foi considerado sólido, apesar de efeitos macroeconômicos. Para a companhia, está havendo uma demanda maior de estabilização para assegurar a base, mantendo o churn sob controle. "Isso explica porque temos sido mais bem sucedidos no pré-pago, enquanto freamos (o crescimento) o pós.", diz o CFO da Telefónica, Angel Villa.
A estratégia, que vale também para as operações na Espanha e na Alemanha (com a Telefónica Deutschland), visa receita em dados, procurando ter uma rede de distribuição melhor. "Mas não é só rede, é também aumentar o ARPU e serviços." Villa reconhece que a companhia não tem a mesma posição em mercados como Colômbia e México, mas alega estar melhorando a capilaridade para poder acelerar o negócio.
Considerando todas as operações do grupo, o tráfego móvel cresceu 52% no ano. O destaque é o LTE, que é responsável por 11% de todo esse fluxo. Além disso, o cliente 4G utiliza 60% mais dados do que o 3G. A companhia ressalta ainda o alcance da tecnologia, com cobertura em 65% da Europa e 28% da América Latina, com 21 mil sites ao todo. Além disso, ela conta com testes com três portadoras agregadas no LTE-Advanced (atualmente conta com duas frequências combinadas no serviço na Espanha).