Desafio da agregação de streamings está na comunicação

Streaming Brasil 2025
Ricardo Falcão, da Claro; José Carlos Rocha, da Vero; Rogério Francis, da Paramount; Alexandre Lovecchio, da Alloha Fibra; Chico Vargas, da Zapping; e Samuel Possebon, da TELA VIVA, participarm de debate no Brasil Streaming 2025.

Empresas de criação, distribuição e agregação de conteúdo apontaram que o desenvolvimento de uma nova categoria de serviço, o de agregação, demanda um grande esforço de comunicação, tanto para trazer novos públicos ao conteúdo de vídeo por assinatura, quanto para migrar a antiga base de assinantes do serviço tradicional de TV paga. O tema foi o centro de um debate no Brasil Streaming 2025, realizado por TELETIME e TELA VIVA nesta segunda, 14, em São Paulo/SP.

O vice-presidente da unidade de negócios B2C da Alloha Fibra, Alexandre Lovecchio, ressaltou a importância do trabalho de integração realizado pela empresa nos últimos 15 meses, que resultou na consolidação de nove marcas em uma única, Giga+ Fibra. Essa unificação, segundo Lovecchio, foi fundamental para preparar a empresa para trabalhar com todos os provedores de conteúdo e oferecer um serviço mais completo e atrativo para o consumidor.

"A gente acredita que essa oferta é muito importante para o consumidor", afirmou Lovecchio, destacando a estratégia da Alloha de atuar em dois pilares: como um marketplace para distribuir ofertas de streaming e como um provedor de uma oferta competitiva de TV por OTT (Over-The-Top), com a possibilidade do cliente utilizar o serviço em mais telas e de forma mais econômica.

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Questionado sobre o modelo de distribuição de streaming da Alloha, Lovecchio esclareceu que a empresa está focada em viabilizar a contratação avulsa dos serviços de streaming por meio de seu marketplace, mas que também considera a possibilidade de empacotar esses conteúdos em ofertas conjuntas com a banda larga, desde que isso agregue valor tanto para a empresa quanto para as plataformas de streaming. A operadora já tem alguns produtos nesta modalidade.

Comunicação

O diretor executivo de vendas e marketing da Vero, José Carlos Rocha, também enfatizou a importância do streaming na proposta de valor da empresa, que busca se posicionar como um "hub de tecnologia", oferecendo banda larga, dispositivos (como Wi-Fi 6 e mesh), celular e streaming.

Rocha destacou os acordos da Vero com programadores e provedores de streaming, visando uma relação de ganha-ganha-ganha, na qual a empresa, os programadores e os clientes são beneficiados. Ele também mencionou o lançamento do "Vero Vídeo", uma TV por streaming remodelada, com opções de empacotamento segmentadas por conteúdo (filmes, esportes) e uma opção completa com todos os canais disponíveis.

"A banda larga é um fio condutor, ela é a porta de entrada dentro da casa do nosso cliente. Mas a partir disso, nós temos uma variedade de possibilidades para deixar o consumidor mais encantado", afirmou Rocha, ressaltando o impacto positivo do streaming na redução do churn e no aumento da expectativa de vida do produto.

O diretor de TV da Claro, Ricardo Falcão, compartilhou a experiência da empresa na transição para o modelo de distribuição de streaming, que ele descreveu como "bastante disruptivo". Falcão mencionou os desafios enfrentados na mudança da plataforma, nos investimentos necessários e na complexidade da integração com os diversos OTTs.

Apesar das dificuldades, Falcão considera a nova plataforma um sucesso, destacando sua simplicidade, capilaridade e os recursos integrados, como recomendação e busca de conteúdo. Ele também ressaltou a importância dos parceiros de streaming da Claro (Netflix, Max, Globoplay e Apple TV) na oferta de valor do Super Bundle, que combina canais lineares e streaming a um preço atrativo.

Falcão apontou a comunicação como um dos principais desafios do negócio, especialmente na migração da percepção do consumidor do modelo tradicional de TV por assinatura para a nova plataforma de streaming. Ele observou que muitos consumidores ainda associam a Claro à antiga Net e que é preciso um esforço contínuo para mostrar as vantagens da nova solução.

Rocha concordou com Falcão sobre a importância da comunicação, ressaltando a dificuldade de mostrar ao cliente que a nova forma de usar a TV é mais prática e econômica após a usabilidade comprovada. Ele também mencionou a questão da experiência do usuário, que é diferente da TV tradicional, e a necessidade de integrar os logins das diferentes programadoras.

Sugestão de conteúdo e auxílio ao consumidor

O country coordinator da Zapping no Brasil, Chico Vargas, trouxe a perspectiva dos provedores de Internet (ISPs), especialmente os de pequeno e médio porte, que enfrentam desafios como a negociação de programação, a integração com plataformas de streaming e a falta de recursos para investir em tecnologia e comunicação.

Ele apresentou a Zapping como uma solução para esses ISPs, oferecendo uma plataforma de streaming de TV com tecnologia própria e experiência acumulada em outros países da América do Sul. Ele destacou o foco da empresa no B2B, com atendimento diferenciado e excelência na entrega para os provedores, mas também a capacidade de atender diretamente o consumidor final (B2C).

Vargas apontou que os principais desafios são convencer o ISP a investir em conteúdo de streaming e, posteriormente, garantir que o usuário utilize o serviço. Ele ressaltou a importância de oferecer uma tecnologia de qualidade e um aplicativo funcional para se diferenciar da concorrência, além de investir em retenção e comunicação para engajar o usuário.

O vice-presidente de estratégia de venda e distribuição de conteúdos da Paramount, Rogério Francis, compartilhou a experiência da empresa no mercado de streaming, que iniciou com o lançamento do Paramount+ em parceria com a Claro há cinco anos e, posteriormente, expandiu para o modelo direct-to-consumer e a distribuição por meio de ISPs.

Francis defendeu o modelo híbrido, que combina a distribuição direta ao consumidor com parcerias no B2B e B2B2C, como o mais vantajoso, especialmente em termos de fidelidade e redução do churn. Ele reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos ISPs na incorporação de conteúdos de streaming, principalmente em relação à comunicação e à percepção do valor do conteúdo.

"O ISP precisa entender o valor que isso tem e como comunicar ao seu cliente", afirmou Francis, lembrando a necessidade de sincronia entre programadores e ISPs para engajar o usuário e demonstrar a qualidade e o fácil acesso ao conteúdo. Ele também defendeu a importância de parcerias estratégicas para alcançar um maior número de ISPs e consumidores.

Francis ponderou sobre a eficácia dos modelos B2B e B2B2C, reconhecendo que o B2B2C pode ser vantajoso por já incluir o trabalho de pré-agregação e comunicação, mas também implica em mais uma camada e um funil adicional no processo de distribuição.

Sobre a responsabilidade pela comunicação, Francis argumentou que ela é compartilhada entre programadores e ISPs. Os programadores devem comunicar o conteúdo e alimentar os parceiros com informações corretas, enquanto os ISPs devem divulgar as ofertas aos seus clientes.

Equilíbrio econômico

Lovecchio abordou a rentabilidade, destacando o desafio de equilibrar os investimentos em marketing e a conversão de clientes em assinantes de streaming com o retorno financeiro. Ele apresentou o produto Giga+TV da Alloha como uma solução para oferecer conteúdo relevante a um preço mais econômico para o cliente, modulando a rentabilidade entre o serviço de banda larga e o OTT.

O executivo da Alloha também mencionou a estratégia da empresa de não trabalhar com caixas, aproveitando o alto percentual de TVs conectadas entre os clientes, e de utilizar uma plataforma de relacionamento com o cliente para divulgar as ofertas.

Falcão, da Claro, complementou a discussão sobre a TV conectada, observando que ela é a principal forma de consumo de streaming e a segunda principal forma de navegação na Internet, atrás do móvel. Ele também abordou a questão da convergência entre 5G e streaming, destacando a estratégia da Claro de integrar conectividade e entretenimento para fidelizar clientes e gerar valor para a empresa, os clientes e os parceiros.

Falcão mencionou as parcerias da Claro com a Globo na banda larga e TV, e os testes de empacotamento de OTTs com a oferta móvel. Ele ponderou sobre o desafio de conciliar o interesse dos OTTs com a competitividade do mercado móvel, que é muito sensível a preço e tem um ARPU (receita média por usuário) menor do que a banda larga.

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