No último evento Educação Conectada, realizado pela TELETIME, o presidente da Education SuperHighway, Evan Marwell, falou sobre a experiência e desafio de conectar 100% das escolas nos EUA. O exemplo norte-americano é relevante não apenas pelos resultados, mas pelo modelo, que envolveu recursos públicos, a atuação das operadoras de telecomunicações e a coordenação de entidades como a Education SuperHighway, fazendo o trabalho de identificação dos problemas de conectividade e convencendo os provedores a desenvolverem produtos adequados para escolas dentro dos recursos disponíveis.
O resultado foi um salto em oito anos de uma conectividade em escolas da ordem de 10% para 99,7%, com a velocidade média passando de 100 kbps por aluno para 1 Mbps. Também os fundos públicos se ampliaram para custear esses serviços, de US$ 1,4 bilhão para mais de US$ 4 bilhões hoje, se tornando uma iniciativa de caráter público que passou a ter atratividade comercial para as operadoras.
Hoje, o projeto Education SuperHighway já está numa segunda fase, focado em conectar alunos fora da sala de aula. Para Evan Marwell, o Brasil tem uma grande oportunidade de trilhar um caminho semelhante. Ele explica o que foi feito:
"o primeiro problema era conhecimento, e o segundo era identificar onde o problema estava, conseguir descobrir que escolas precisavam de melhorias, e de quais atualizações elas precisariam. Algumas escolas tinham fibra, mas não tinham um bom wifi. Outras tinham fibra, mas não tinham acesso o suficiente, e assim por diante, então nós tínhamos que identificar isso. O terceiro problema era um déficit de conhecimento técnico nas próprias escolas, eles não sabiam o que fazer, não sabiam de quem deveriam comprar, o que comprar, não sabiam como proceder a respeito disso, assim nós fomos resolver esse problema. O quarto problema é que nós não estávamos usando de maneira apropriada os fundos que o governo estava disponibilizando", diz Marwell.
"Nós estávamos gastando quase 40% desses fundos em serviços de telefone ao invés de acesso à internet, porque quando os fundos foram criados primeiramente, para ficar online é preciso estabelecer um diálogo. Nós tivemos que mudar isso e fazer várias alterações na política. Então se olharmos o que fizemos para corrigir o problema, a primeira coisa foi coletar dados de todas as escolas, o que elas tinham e o que precisavam. A segunda coisa foi alinhar a política, para que os fundos fossem direcionados para o lugar certo e a coisa certa. E a terceira coisa que fizemos foi tornar fácil para as escolas implantarem as melhorias, e isso fizemos criando uma parceria público-privada com provedores de serviços de internet. Essa era uma ótima oportunidade de negócios para eles, por causa de todo o fundo do governo que estava disponível, e eles não sabiam como se conectar com as escolas e nem como negociar as coisas certas, então no fim das contas esse foi um dos papeis mais importantes que cumprimos, pois ajudamos a estabelecer a ponte entre provedores de internet e as escolas", explica o executivo.
Segundo ele, é preciso primeiro existir uma parceria público-privada. "As escolas não conseguem resolver o problema sozinhas, as associações não lucrativas também não, nem o governo ou os provedores de internet. Todos eles precisam se juntar e todos têm um papel importante a desempenhar", diz o executivo. A segunda coisa, diz ele, é que transparência de informação: "é algo crítico, se não soubermos quem precisa de melhorias, não vamos chegar lá, se não soubermos o quanto as coisas deveriam custar, não vamos conseguir que as escolas tenham a banda que elas precisam, transparência é importante. E a terceira coisa é que nós realmente temos que entender que as escolas precisam de ajuda, elas não sabem o que estão fazendo e não tem os recursos internos para gerenciar os processos e lidar com a parte tecnológica", ponderou.
A íntegra da entrevista está disponível no TELETIME Live.