O Mobile World Congress (MWC) 2025, realizado em Barcelona, mostrou que o setor de telecomunicações está em um momento de transição acelerada e o evento reforça sua relevância como grande palco de discussão de tendências e tecnologias emergentes que impactam o setor. Debates cruciais como a adoção da Inteligência Artificial (IA) e a polêmica sobre a frequência 6G mostram que há desafios estratégicos no horizonte.
O crescimento dos ISPs e a necessidade de profissionalização
Quem acompanhou o MWC percebeu que nunca houve tantos ISPs participantes e, em especial, do Brasil. Trata-se de um reflexo não só da relevância dessas empresas no cenário de telecomunicações, mas também da profissionalização e alinhamento às mais modernas tendências e inovações.
O crescimento em representatividade exige maturidade e os provedores se mostraram atentos. A banda larga fixa segue sendo essencial, mas a diferenciação do serviço será a chave para a sobrevivência no longo prazo.
A era da Inteligência Artificial na Telecom
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o impacto da IA nas telecomunicações, o MWC tratou de dissipá-las. Empresas apresentaram diversas soluções de automação, otimização de redes e experiência do usuário. Agora, cabe às operadoras e ISPs avaliarem suas estratégias e se prepararem para incorporar de forma inteligente essas inovações.
O fato é que ignorar a IA significa ficar para trás. O setor precisa encarar essa revolução tecnológica não como um luxo, mas como uma necessidade estratégica.
O impasse do 6 GHz: dividir ou não dividir a frequência?
Uma das discussões mais acaloradas do evento foi sobre o futuro da frequência 6 GHz. Um importante alerta foi levantado: dividir a faixa pode trazer problemas de estabilidade e eficiência, como os já observados em redes Wi-Fi e IoT no próprio evento. A questão agora é saber se o setor está disposto a aprender com os erros do passado e trará novas soluções que podem comprometer ou alavancar a conectividade.
Brasil em destaque: reconhecimento internacional
Mais uma vez, o Brasil brilhou no MWC ao receber o Prêmio de Liderança Governamental. Isso mostra que o país vem conquistando espaço no cenário global da conectividade. Medidas estratégicas garantiram essa posição de destaque, e agora o desafio é manter essa trajetória com políticas que incentivem inovação, infraestrutura e inclusão digital.
Networking de peso
O evento promovido pela Associação NEO foi um dos pontos altos do MWC para o setor de ISPs. Com a presença de gigantes da indústria como FiberHome, Nokia, Cisco e ZTE, além de autoridades da Anatel e do Ministério das Comunicações, especialistas do setor e grandes líderes empresariais, o jantar se consolidou um ambiente propício para debates estratégicos e futuras parcerias. Em um setor tão dinâmico, encontros como esse reforçam a importância do relacionamento para o avanço da telecomunicação no Brasil.
A mensagem que ficou após o evento é clara: o mercado de telecomunicações continua dinâmico e evolutivo e os ISPs cada vez mais relevantes, especialmente no mercado brasileiro. Essas empresas, que são fundamentais para a o acesso à internet de milhões de brasileiros, tem também um papel de acelerar a implementação de novas tecnologias e estar à frente de discussões que moldarão o futuro da conectividade no país.
* Sobre o autor – Cristiano Santana é fundador e presidente da Zaaz Telecom e conselheiro da Associação NEO. As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a visão de TELETIME.