A presença feminina em posições de liderança no setor de telecomunicações no Brasil tem crescido, mas ainda enfrenta desafios significativos. Em uma live sobre liderança feminina promovida pela Abrint, na última quinta-feira, 13, representantes do setor debateram sobre o tema a partir de suas trajetórias.
Mulheres como Cristiana Camarate (Superintendente de Relações com Consumidores da Anatel), Cristiane Sanchez e Stella Medeiros (vice-líder do conselho e conselheira da Abrint, na ordem) ilustraram diferentes caminhos para a liderança no setor.
Camarate, advogada por formação, construiu sua carreira na Anatel, ambiente em que se apaixonou pela regulação e pelo impacto da transformação digital. Sanchez, também advogada, encontrou sua vocação no setor associativista, enquanto Medeiros migrou da medicina veterinária para telecomunicações ao fundar a TCM Telecom, buscando conectar comunidades.
Camarate reforçou que "liderança feminina vai muito além e é muito maior do que uma posição, um cargo. A liderança é algo que você constrói internamente" e que deve ser fortalecida diariamente.
Apesar dos avanços, mulheres ainda enfrentam barreiras, como a crença de não merecimento, a dificuldade de se afirmar em posições de liderança e a dupla jornada de trabalho. Camarate relata a importância de ocupar seu espaço – um aprendizado reforçado por uma chefe que a incentivou a permanecer à mesa de decisão. "Fique à mesa. Para você ser uma líder, você tem que ter o seu lugar à mesa", enfatiza.
Sanchez enfatiza a necessidade da corresponsabilidade familiar para permitir o crescimento profissional feminino. "Para que dê certo na minha casa e na minha vida pessoal, eu preciso ter uma responsabilidade dividida com o meu marido", argumentou.
A autossabotagem também é destaca como um obstáculo. Stella Medeiros explicou que muitas mulheres sentem a necessidade de se provar constantemente, acumulando mais responsabilidades do que o necessário, o que pode dificultar sua ascensão.
Iniciativas para impulsionar presença feminina
Diversas ações estão sendo adotadas para impulsionar a presença feminina no setor, incluindo programas de mentoria, discussão sobre cotas e adesão a selos de igualdade de gênero, como o promovido pelo PNUD.
A Anatel também tem buscado formas de incentivar a diversidade, entendendo que a presença feminina não é uma oposição aos homens, mas sim uma complementação necessária para o desenvolvimento econômico e social.
O incentivo a meninas em carreiras tecnológicas é outra estratégia essencial para aumentar a representação feminina a longo prazo. Programas como o "Dia das Meninas nas TICs", promovido pela Anatel, visam despertar o interesse de jovens para o setor de telecomunicações.
Cristiane Sanchez destaca sua experiência como presidente do Conselho Consultivo da Anatel, onde teve a oportunidade de trazer novas discussões e ampliar o impacto do setor. Ela enfatiza a importância de ações afirmativas para fomentar a participação feminina em espaços públicos, dado que a representação de mulheres eleitas em cargos de decisão ainda é baixa no Brasil.
As três participantes do debate incentivam as mulheres a persistirem em seus objetivos e a confiarem em si mesmas. Marques reforça a importância de ocupar espaços, destacando o grupo Abrint Mulher como um suporte para o crescimento profissional feminino.