Apesar da saída recente de Amos Genish da presidência, o embate interno entre acionistas da Telecom Italia está longe de terminar. A empresa realizou nesta segunda-feira, 14, assembleia do conselho para completar a análise da requisição da Vivendi de realizar uma assembleia de acionistas, que ficou então marcada para 29 de março. A companhia francesa quer uma votação para a saída de cinco membros do conselho ligados ao fundo de investimentos Elliot, que atualmente domina o conselho da italiana e que levou à saída de Genish do comando do grupo.
Em comunicado separado, a Vivendi afirmou que "deplora as táticas de perda de tempo usadas pelos membros diretores do Elliot", e que isso vai contra o estatuto da companhia e o código civil italiano. Alega que esse comportamento estaria impactando negativamente os resultados financeiros da Telecom Italia "diariamente", usando como prova uma queda de 40% no valor das ações do grupo desde o dia 4 de maio de 2018. "Essas táticas constituem em uma negação genuína da democracia de acionistas e vão de encontro aos princípios mais básicos e fundamentais da boa governança corporativa", diz a Vivendi na nota. Assim, diz se reservar ao direito de convocar uma nova assembleia ainda neste verão europeu (inverno no Brasil) se os resultados financeiros e a governança da Telecom Italia não "melhorarem significativamente".
A acionista francesa reafirma o pedido de votação para revogar o mandato de cinco membros do conselho ligados ao Elliot "que mostraram uma falta de independência e desrespeito substanciais com as regras mais básicas e fundamentais de governança corporativa, afetando negativamente a organização e a imagem da Telecom Italia". Os membros em questão são Fulvio Conti, Alfredo Altavilla, Massimo Ferrari, Dante Roscini e Paola Giannotti de Ponti.
Por sua vez, a Telecom Italia ainda não publicou nota específica a respeito da chamada da Vivendi. A nota à imprensa divulgada pela italiana até o momento apenas confirma a realização da nova assembleia em 29 de março, que tratará simultaneamente a respeito dos resultados financeiros relativos a 2018 e ao reporte de remuneração. Assim, acredita que a reunião facilitará a finalização do processo de aprovação do plano estratégico, a avaliação de prejuízo e os resultados financeiros. Afirma também que isso ocorre enquanto "promove a maior participação possível" na assembleia de acionistas, prevendo uma "possível confrontamento substancial sobre qual deverá ser o futuro da companhia e das pessoas as quais a diretoria deveria dar confiança".
A nota da Telecom Italia diz que o adiantamento da assembleia foi concordado, mas a atual indisponibilidade dos resultados da Telecom Italia referentes a 2018 demandam à empresa o direito de adicionar à agenda o tópico de distribuição de dividendos, que deverá ser decidida assim que um rascunho do resultado financeiro seja disponibilizado. Esse rascunho foi adiantado em cinco dias e deverá ser entregue no dia 21 de fevereiro.
Segundo a imprensa internacional, o chairman do grupo (que controla a TIM Brasil), Fulvio Conti, teria rebatido as acusações da Vivendi ao afirmar que não teria poderes para promover as tais táticas para adiar o assunto. O executivo teria dito que, se a francesa segue as regras democráticas de votação, terá que esperar pela realização da assembleia. Ele teria criticado ainda a Vivendi por discutir assuntos relacionados à Telecom Italia durante as primeiras horas da abertura do mercado italiano.