A acessibilidade digital para pessoas com deficiência é um problema que tem gerado muita discussão atualmente. Ela está diretamente relacionada à experiência do usuário (UX) e à interface do usuário (UI). A inclusão de pessoas com deficiência nos testes de usabilidade e em outras etapas de desenvolvimento é fundamental para garantir que as ferramentas sejam verdadeiramente acessíveis a todos. Ao garantir que interfaces sejam acessíveis, empresas transformam a experiência para todos os usuários, independentemente de suas habilidades, tornando a navegação intuitiva e eficaz.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Pessoas com Deficiência 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 18,2 milhões de pessoas com deficiência. Porém, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), realizado em 2023, apenas 3,6% dos sites brasileiros atendem aos critérios de acessibilidade digital.
Há muito a ser feito para melhorar a acessibilidade digital, e para isso acontecer, é essencial que este ponto seja tratado como uma prioridade por designers, desenvolvedores e equipes de negócios. Diversos sistemas, sites, aplicativos e softwares podem ser acessíveis e interagir com todos os usuários, principalmente no contexto atual, onde há uma vasta quantidade de informações e serviços disponíveis online.
Existem alguns cuidados que podem ajudar o desenvolvedor com o plano de inclusão, dentre eles:
Siga diretrizes de acessibilidade – Ao abordar o design de interfaces, a acessibilidade deve ser tratada como uma prioridade. Seguir as diretrizes de acessibilidade da WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) é fundamental.
Avalie a acessibilidade – Existem várias ferramentas eficazes para avaliar a acessibilidade de sites e aplicativos. Entre eles estão o Wave, que analisa a usabilidade do site, identificando possíveis problemas; Axe, que verifica problemas de usabilidade nas páginas; Color Contrast Analyzers, que avalia se as cores e contrastes estão adequados; e Lighthouse, que é integrada ao DevTools do Chrome e cria relatórios sobre acessibilidade. O W3C disponibiliza uma lista completa de ferramentas de avaliação de acessibilidade.
Colete dados de usuários – Ferramentas de monitoramento como Clarity e Hotjar ajudam a coletar dados sobre os acessos dos usuários, o que facilita na avaliação de acessibilidade.
Integre funcionalidades essenciais – Para garantir uma experiência inclusiva, algumas funcionalidades essenciais devem ser integradas a qualquer plataforma: texto alternativo para imagens; navegação por teclado com atalhos; contrastes adequados entre cores; legendas e transcrições em vídeos; e descrições para componentes e elementos da interface, otimizados para leitores de tela.
Estruture os sites de forma semântica – Tecnologias assistivas, como leitores de tela e softwares de reconhecimento de voz, influenciam significativamente o design de interfaces acessíveis. Para garantir uma boa interação com essas tecnologias, as interfaces precisam ser estruturadas de forma semântica, com textos adequados e navegação por teclado. Isso exige a colaboração entre designers, desenvolvedores e equipes de negócios para criar conteúdos e controles acessíveis.
Escolha bem cores e contrastes – É importante garantir a legibilidade para pessoas com deficiências e/ou distúrbios visuais. As práticas recomendadas incluem o uso de contraste de cores adequadas entre o texto e o fundo, evitar combinações de cores problemáticas para pessoas daltônicas (como vermelho e verde) e utilizar ferramentas que garantam conformidade com as diretrizes de acessibilidade.
Planeje a navegação por teclado – Para usuários que não podem usar um mouse, a navegação por teclado deve ser intuitiva e eficiente. Isso significa que todos os elementos interativos, como botões e menus, devem ser acessíveis por teclado, e a navegação deve seguir uma ordem lógica, com foco visível nos elementos selecionados.
Cuide dos conteúdos multimídia – A acessibilidade em conteúdos multimídia, como vídeos e áudios, pode ser garantida com o uso de legendas, transcrições e descrições para imagens, vídeos e áudios. Além disso, é importante que os controles dos players de mídia sejam acessíveis via teclado.
Faça revisões – Realize revisões e testes de acessibilidade regularmente. Assegure que as equipes de desenvolvimento e QA tenham as ferramentas e o tempo necessário para realizar esses testes de forma eficaz.
Além disso, a inteligência artificial (IA) está se tornando uma ferramenta promissora para melhorar a acessibilidade digital. A IA pode automatizar tarefas complexas, como gerar textos e descrições, transcrever e traduzir conteúdos e gerar legendas de áudio e vídeo. Outra tecnologia emergente é a realidade aumentada, que pode ser utilizada para melhorar a inclusão de pessoas com deficiência sensorial, permitindo interações inovadoras com conteúdos digitais.
* Sobre o autor – Maylon Amaral é Sênior Product na Zallpy Digital. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente a visão de TELETIME.