Rede desagregada trará desafio operacional e econômico para operadoras

A busca por modelos de rede com arquitetura desagregada é uma tendência que deve se fortalecer entre as operadoras nos próximos anos, exigindo novas posturas por parte dos fornecedores. Para que a opção valha a pena do ponto de vista financeiro, contudo, as empresas do setor precisarão superar desafios operacionais e de escala.

Durante evento que marcou a entrada da Cisco no mercado de processadores baseados em silício, a fornecedora também anunciou que permitirá a comercialização "flexível" de seus produtos voltados para data center. "Se o cliente quiser apenas o nosso silício [para instalação com outro hardware ou software], nós vamos apoiar, mas isso também significa que o provedor de serviços terá que assumir um papel de agregador de sistemas", notou o diretor da área de provedores de serviços da empresa norte-americana, Jonathan Davidson.

"Há alguns provedores que estão observando como adotar esse approach das redes desagregadas, mas há um custo adicional a ser assumido e que precisa ser amortizado ao longo do deployment", prosseguiu o executivo. Segundo ele, a opção só passaria a fazer "sentido fiscal" se envolvesse a implementação de sistemas em maior escala.

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"O número de provedores de serviços que vai assumir essa responsabilidade e essa carga de custo [do gerenciamento das redes desagregadas] é relativamente pequeno se considerarmos o framework global de operadoras", avaliou Davidson, citando a AT&T como exemplo de empresa que está dando passos para lidar com o desafio.

Outro entusiasta das redes desagregadas é o Facebook, que lidera o consórcio Telecom Infra Project (TIP). A iniciativa reúne diversas operadoras globais, inclusive brasileiras, e busca opções para redes com arquitetura aberta: recentemente, a primeira implementação comercial da tecnologia desagregada de roteamento de redes móveis DCSG foi concluída pela Telefónica na Europa, enquanto empresas como a Vodafone têm dobrado a aposta no modelo aberto para redes de acesso (OpenRAN).

Apesar dos avanços e do interesse de teles do Brasil, Davidson, da Cisco, ainda crê que levará algum tempo para as operadoras nacionais abracem de vez a tendência. "É algo possível, já que o país é grande e a infraestrutura também, mas o Brasil não está crescendo tão rápido, ainda que seja uma questão de tempo até chegar lá".

Um fator que poderia acelerar o movimento, contudo, seria a decisão comercial de algum player que visse nas redes desagregadas um diferencial competitivo. "Se algum CTO [brasileiro] decidir que quer fazer algo diferente como a white box, é algo que vamos apoiar", afirmou Davidson.

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