Estudo lançado pela Aliança pela Internet Aberta (AIA) nesta quarta-feira, 13, durante o evento Internet Summit, mostra o crescimento do consumo de serviço de valor adicionado (SVA) e as implicações que uma possível taxa de rende ocasionaria na renda familiar.
O estudo aponta que o consumo de serviços digitais no Brasil tem mostrado taxas de crescimento continuamente mais altas na última década. O WhatsApp, o serviço de mensageria, é usado por mais de 96% da população conectada, com pelo menos 35% dos usuários citando o serviço como sua plataforma preferida.
Outro dado do estudo mostra que a indústria de cultura e conteúdo em torno dos SVA também se expandiu no país, impulsionada por novas profissões digitais que utilizam plataformas de SVA como ferramentas de trabalho. Em março de 2024, os 100 YouTubers mais bem classificados produziram 15,3 milhões de vídeos originais com 18,3 milhões de assinantes regulares.
A Netflix, plataforma de streaming, reportou um crescimento anual de 12% de 2019 a 2023. No documento, a AIA diz que, uma das estratégias da plataforma é expandir a produção local.
Segundo Alessandro Molon, presidnete da AIA, não é correto dizer que o aumento de tráfego de dados afetou a receita das teles. Para ele, o que afetou a receita foi justamente a concorrência com esses novos serviços, já que as vendas de banda larga seguem em crescimento.
Renda e consumo
Os resultados do estudo elaborado pela AIA também revelam que uma renda mais alta é um fator significativo no uso de serviços de internet, sendo particularmente acentuado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A pesquisa chama a atenção para o fato de que aumentos de custo induzidos por mudanças regulatórias, como a introdução hipotética de taxas de rede, poderiam sobrecarregar os orçamentos familiares.
"Isso pode levar a uma queda na demanda por serviços digitais, ou uma mudança para planos de banda larga mais acessíveis e de menor capacidade como uma forma de mitigar o impacto financeiro do aumento dos preços dos serviços", diz a AIA.
Esses cenários impactariam desproporcionalmente as populações de baixa renda, potencialmente incorrendo em um custo social mais amplo. "Esses indivíduos poderiam ser compelidos a abrir mão dos serviços on-line ou reduzir o consumo de outros bens e serviços essenciais, incluindo a redução de sua banda larga como uma estratégia de ajuste orçamentário dentro do grupo de despesas com comunicação. O mesmo poderia se aplicar a empresas que dependem de SVA para fornecer seus produtos e serviços. Consequentemente, isso poderia resultar em uma diminuição líquida no bem-estar social", alerta o estudo.
Mais taxas, menos serviços
Outro resultado da pesquisa mostra que redução de renda familiar, em um cenário com um possível aumento nos preços dos serviços digitais devido a taxas regulamentares impostas, também pode levar a uma demanda reduzida por outros serviços de telecomunicações dentro do mesmo orçamento familiar.
"Esse efeito resultaria em uma diminuição na demanda por outros serviços de telecomunicações, incluindo o rebaixamento dos serviços de banda larga para assinaturas de níveis inferiores e mais baratas, o que representaria um uso subótimo da internet", diz a AIA.
Isso porque os resultados da pesquisa da AIA sugerem que planos de banda larga de maior preço são o principal motor da demanda por serviços digitais no Brasil. Para cada aumento de 10% na proporção de planos acima de R$150,00, há um aumento incremental na demanda por serviços digitais de aproximadamente 13,4%. Os planos de banda larga de primeira linha também estão positivamente relacionados à demanda por serviços digitais, embora em menor grau.
A proporção de lares com um plano de capacidade de banda larga com capacidade superior a 50 Mbps, também influencia positivamente a demanda por serviços digitais, aponta a pesquisa da AIA.
"Para cada aumento de 10% na penetração da capacidade de banda larga acima de 50 Mbps, há um incremento de 2,47% na demanda por serviços digitais. Os efeitos fixos para os consumidores das regiões Norte e Nordeste também demonstram que características específicas dessas regiões desempenham um papel particular na condução da demanda por serviços digitais no Brasil", diz o estudo.
Confira o estudo na íntegra aqui.