Teletransporte quântico poderá ser usado para criptografia em telecomunicações e Internet

O teletransporte parece ficção científica, mas já é realidade e, pela primeira vez, foi testado fora dos laboratórios. Embora não seja exatamente como o dos filmes da série Star Trek, esse fenômeno acontece em nível quântico e está sendo testado pela Nasa para promover comunicações seguras e completamente criptografadas. A agência espacial norte-americana divulgou nesta quinta, 13, que o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, no Instituto de Tecnologia da California) conseguiu executar pela primeira vez um teletransporte do estado quântico de um fóton a uma distância de mais de 6 km utilizando a infraestrutura de fibra apagada existente na cidade de Calgary, no Canadá.

Testes de laboratório já conseguiram transmissões a distâncias até maiores, mas sempre em ambiente controlado de laboratório. O feito desta vez foi conseguido graças à plataforma de detecção supercondutora do JPL, que conseguiu detectar os fótons transmitidos em comprimento de ondas usado em telecomunicações com "quase nenhum ruído".

Isso é conseguido graças à física quântica, que tem características muito diferentes da física comum. Cientistas conseguem aproveitar o entrelaçamento quântico que liga duas partículas de diferentes características ou estados em qualquer lugar. Ou seja: o que acontece com um fóton em São Paulo, por exemplo, é refletido em outra partícula ligada a ele em qualquer outro lugar, quer ela esteja no Rio de Janeiro ou em outro planeta. Aproveitando isso, cientistas conseguem introduzir um terceiro fóton em São Paulo, e ele vai "surgir" também no Rio de Janeiro ou em outro planeta graças ao entrelaçamento. Daí o uso da palavra teletransporte.

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Segundo o JPL, isso poderia ser utilizado para entregar mensagens fim a fim de forma muito mais segura do que as criptografias comuns usadas em e-mails ou serviços como WhatsApp e iMessage. "Se duas pessoas compartilham um par de fótons entrelaçados, a informação quântica pode ser transmitida de forma desincorporada (ou seja, teletransportada), deixando um bisbilhoteiro com nada para interceptar e, assim, impossibilitando-o a ler a mensagem secreta", explica o laboratório da Nasa.

O teste feito no Canadá utilizou apenas fibra apagada e sem equipamentos eletrônicos ou de rede conectados à infraestrutura, mas também foi importante por não ter usado repetidores. A ideia é poder implantar esses repetidores da mesma forma como já são colocados em backbones de longa distância, por exemplo, para enviar os fótons a distâncias ainda maiores. A Nasa planeja ainda aproveitar a tecnologia para enviar comunicação ao espaço, incluindo para a estação espacial internacional (ISS). Para tanto, não seriam necessários repetidores, uma vez que é possível utilizar lasers para o envio da partícula.

A tecnologia obviamente ainda está em estado inicial e deve demorar a ser introduzida em equipamentos comerciais para provedores de Internet e operadoras. O estudo foi publicado na revista Nature e foi financiado pelo instituto de tecnologias inovativas de Alberta e do conselho de pesquisa em engenharia do Canadá, além da agência de pesquisas avançadas em projetos de defesa. Parte da pesquisa com detectores foi conduzida pelo JPL sob contrato da Nasa.

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