Globosat teme excessos na regulamentação de conteúdos

A Lei 12.485/2011, que criou o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) e estabeleceu o novo marco regulatório para a TV por assinatura, tem como uma das principais novidades a introdução do fator Ancine na regulação do mercado. A agência, por lei, será a responsável por regular os aspectos referentes ao conteúdo no novo serviço. E a primeira amostra do tipo de conflito que poderá surgir daqui para a frente pode ser vista na preocupação da Globosat, a principal programadora brasileira, em relação a como será a regulamentação do SeAC a ser feita pela Agência Nacional de Cinema. Para Alberto Pecegueiro, presidente da programadora, apesar da necessidade da atualização do marco legal e dos aspectos positivos que a Lei 12.485 trouxe ao mercado, ainda não é possível comemorar nada. "A nossa maior preocupação é que algumas ameaças absolutamente estapafúrdias que chegaram a surgir no processo de elaboração da lei possam querer voltar na regulamentação", diz.

Notícias relacionadas
A maior preocupação da Globosat é no tratamento que vai ser dado pela agência para a relação entre programadoras e produtores independentes, sobretudo no que diz respeito aos requisitos para qualificação do que é conteúdo de produção independente e sua titularidade. "Achamos que interesses escusos, menores, de grupos com acesso privilegiado, podem tentar se materializar. Por exemplo: como será a qualificação das cotas de produção independente?", aponta o executivo. Para ele, existe o risco de que a regulamentação traga definições diferentes das que a lei prevê. "Uma coisa são as exigências de direito patrimonial sobre produções independentes feitas com dinheiro de incentivo. Pode-se não gostar, mas faz algum sentido. Outra coisa é a noção do que a lei já estipula para o que é uma produtora independente para efeito de cumprimento de cota. Mudar essa definição na regulamentação é oportunismo".

A questão é vital para a Globosat, já que seus canais são majoritariamente compostos por produções independentes e estariam, por essa razão, adequados em grande parte ao cumprimento das cotas previstas na Lei do SeAC.  A programadora já mantém uma relação com os produtores e uma política sobre a titularidade destes programas. A programadora teria detectado pressões sobre a Ancine para que determinadas regras de titularidade passem a fazer parte dos requisitos para que se considere uma obra como independente. A programadora, poderia, por exemplo, ser obrigada a abrir mão da titularidade sobre os programas que veicula para que determinados conteúdos sejam considerados independentes como exige a lei. A íntegra da entrevista estará disponível na edição de novembro da revista TELA VIVA.

Vale lembrar que esse tipo de conflito que a Globosat antevê na regulamentação já existe para alguns programadores internacionais em relação a obras bancadas pelos recursos do Artigo 39. A Ancine não permite que essas obras, produzidas por produtoras independentes, fiquem sob a titularidade do canal, por serem produzidas com recursos incentivados.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!