Nesta terça-feira, 13, o presidente da TIM, Luca Luciani, se posicionou contrariamente ao roll-out de evolução das redes móveis no Brasil. Em discurso crítico ao governo, provedores de tecnologia e operadoras concorrentes, o executivo destacou que é preciso estender mais a duração das tecnologias móveis existentes (GSM, GPRS, Edge, WCDMA e HSPA) antes de se pensar em novas plataformas e arquiteturas de rede. “Uma rede tem uma vida útil de 15 anos. Quanto mais madura, mais confiável é, porque o seu desenvolvimento toma tempo e demanda muito investimento. A sobreposição de tecnologias é cara e complexa, o que acaba interferindo na velocidade da massificação”, advertiu ele, em clara menção ao leilão da faixa de 2,5 GHz para o LTE, que deve ser realizado pela Anatel até abril de 2012, por determinação de decreto presidencial.
Sobraram críticas para os vendors também: “os fornecedores de tecnologia podem não gostar do que vou falar, mas não existe salto tecnológico. Eles têm interesse em falar sobre o que acontece na ponta, de novas tecnologias. É preciso haver um percurso orgânico para alavancar as tecnologias existentes. É simples falar de 20 Mbps ou 100 Mbps em um laboratório ou em um bairro. Mas a realidade no País não é essa. O brasileiro pede por voz e dados de qualidade e por um preço mais barato”.
Segundo o executivo, é mais importante massificar os serviços de dados móveis a 1 Mbps em todo o País do que oferecer LTE nos Jardins, bairro paulistano de alto poder aquisitivo. “Ou a indústria segue acelerando a substituição de tecnologias, que ficam acessíveis a poucos privilegiados, ou levamos a Internet móvel para todos”, criticou. Em grandes cidades, com maior demanda por dados, a TIM acredita que a utilização de tecnologias alternativas, como o Wi-Fi offload, seria a solução para o adiamento do roll-out de LTE e antecipou que a operadora já iniciou a construção de sua malha de hotspots.
Além da questão tecnológica, Luciani enumerou outras três barreiras para o crescimento da banda larga móvel no País. Uma delas está relacionada às próprias operadoras e ao governo que, segundo ele, têm pecado no compartilhamento de suas infraestruturas, especialmente no backhaul. “Para chegar aos lugares mais remotos é preciso ajustar a regulamentação do mercado de atacado, com medidas assimétricas, e ter um modelo de investimento compartilhado para alavancar o desenvolvimento de novas redes que neutralizem as posições dominantes”.
O executivo também defende a disponibilização de mais espectro, porém com uso eficiente para o usuário e melhor custo operacional para a operadora, o que, segundo ele, ocorreria na frequência de 700 MHz, “com investimento de três a quatro vezes menor do que na faixa de 2,5 GHz”. Por fim, Luciani afirmou que é preciso reduzir a carga tributária. “A pressão tributária tem um efeito regressivo entre os mais pobres, que acabam pagando parte da conta. Os tributos sobre a receita líquida das operadoras são altíssimos, de 43%, o dobro do nível de imposto da América Latina”.