Nuh! Digital quer triplicar conexão de estudantes e escolas

Nuh! Digital, provedora especializada em conectividade para a educação em escolas
Laerte Magalhães, CEO da Nuh! Digital. Imagem: Divulgação

Enquanto uma quantidade significativa de brasileiros já têm contato com o 5G de alta velocidade, ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA) e aplicações trazidas pela conectividade, de outro lado só agora uma quantidade também significativa de escolas em áreas remotas recebem energia elétrica pela primeira vez – condição essencial para o acesso à Internet. O contraste entre o Brasil da alta tecnologia e o País com 2,3 mil escolas que encerraram 2024 sem eletricidade é o cenário onde atua a Nuh! Digital, provedora especializada em conectividade para a educação.

Com foco em políticas públicas de inclusão digital, a empresa deu um passo estratégico ao se tornar uma MVNO autorizada baseada na rede da Claro no início de junho. Hoje, a Nuh! relata chegar a 2.285 escolas – totalizando 218 mil alunos. A Nuh! Digital também fornece chips móveis com 20 GB mensais de Internet para 66 mil estudantes. 

Isso foi possível por meio de iniciativas como o programa federal Internet Brasil e o projeto Aprender Conectado, executado pela EACE, a Entidade Administradora da Conectividade de Escolas. Mas esses números de conexões ainda podem crescer diante dos 22 milhões de alunos desconectados no Brasil, disse ao TELETIME o CEO da Nuh! Digital, Laerte Magalhães.

Notícias relacionadas

A meta para os próximos anos, segundo a provedora, é triplicar essa base de estudantes e instituições atendidas, afirma.

A estratégia da empresa se apoia em uma abordagem sob demanda. "Diferente das operadoras tradicionais, que primeiro constroem infraestrutura e depois buscam demanda, nós começamos pela demanda. Se uma escola precisa de conexão, avaliamos o ponto de fibra mais próximo. Temos parcerias com 800 provedores regionais e redes neutras. A melhor rede é a soma de todas as redes", disse o executivo.

Segundo Magalhães, a Nuh! trabalha com diferentes tecnologias. Para conexões fixas, a empresa geralmente prioriza a fibra óptica caso a rede esteja disponível dentro de um raio de até 10 km da escola. Já entre 10 km a 100 km, a provedora aposta em rádio ou FWA – a famosa banda larga fixa sem fio. E a empresa faz isso sem ter uma rede própria, apenas com acordos de revenda ou como MVNO.

Assim, entre as 1,1 mil escolas da EACE conectadas pela empresa, parte delas já usa FWA ou rádio. "Testamos um amplificador de sinal dinamarquês [MyArea] que alcança até 100 km sem barreiras. Pode ser uma alternativa ao satélite", explicou Magalhães. Em localidades ainda mais remotas, a firma opta pelo satélite.

Planejamento

Conseguir se tornar uma operadora móvel virtual autorizada foi uma das soluções encontradas para ter mais flexibilidade operacional, diz a Nuh! Digital. Segundo o CEO, essa novidade confere maior autonomia para a empresa criar planos e compartilhar infraestrutura. 

Além disso, a empresa ganha maior visibilidade para participar de editais. Isso porque, enquanto MVNO credenciada, o market share da Nuh! aparecia diluído entre agregadoras como Surf e NLT. "O ente federativo não conseguia nos ver como uma operadora. Saímos desse cenário de revenda para, de fato, sermos uma operadora que utiliza o airtime de quem tem rede", afirmou Magalhães.

Com isso, a empresa consegue avançar com o planejamento interno baseado em três ondas. A primeira consiste no foco em políticas públicas, considerando que a Nuh! Digital é uma MVNO do tipo data only – ou seja, os chips fornecidos servem exclusivamente para acesso à Internet. Já a segunda etapa envolve atrair clientes internacionais via parceria com a floLIVE , que é um hub de roaming global.

Em terceiro lugar, estão as ofertas convergentes – que hoje só operadoras grandes costumam oferecer.

"Acreditamos muito nisso e queremos ser esse player para os provedores, porque já somos clientes deles na oferta de rede fixa. Então a gente quer ofertar a rede móvel", afirmou Magalhães. 

Impacto da conectividade

No que tange a políticas públicas, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas é peça importante. A soma de várias políticas , coordenadas pelo MEC ou pelo Minicom, baseadas nos recursos do Fust e da EACE, indicam investimentos de R$ 8,8 bilhões até 2026 para conectar mais de 138 mil instituições.

"Os impactos disso vão além da sala de aula. Sem acesso estável à Internet, crianças e jovens têm seu desempenho escolar prejudicado, enfrentando obstáculos no acesso ao ensino superior, ao mercado de trabalho e ao pleno exercício da cidadania. A exclusão digital aprofunda desigualdades de renda e de oportunidades, especialmente entre famílias em situação de vulnerabilidade", disse o CEO da Nuh!. 

De acordo com ele, o estudante é o único com algum nível de letramento digital em muitas casas brasileiras. Dessa forma, é ele quem acaba ajudando os pais a preencher cadastros, buscar oportunidades ou acessar serviços básicos. 

O executivo relata como exemplo ainda que, apesar do chip do Internet Brasil ser entregue ao aluno, ele beneficia toda a família. Além do ensino híbrido, eles passam a acessar serviços digitais do governo. Segundo a operadora, os 20 GB gratuitos representam uma economia mensal de R$ 50. 

"Hoje, 86 milhões de brasileiros não acessam a rede móvel diariamente por conta do custo", informou o executivo. Com essa franquia fornecida pela operadora, Magalhães contou que os estudantes passam ter acesso diário à conectividade, "o que está alinhado com o conceito de Internet significativa".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!