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Pendências com governo e interesses de acionistas são obstáculos da Oi até setembro

Após quase um ano do processo de recuperação judicial da Oi (dia 20 de junho de 2016 foi quando a empresa protocolou o pedido), a definição sobre a situação da tele será em setembro, quando quase certamente será marcada a assembleia de credores da empresa, considerando-se os prazos judiciais ainda a serem cumpridos e o interesse da companhia. Duas coisas podem acontecer em setembro: ser aprovado o plano de recuperação proposto ou a falência da companhia, o que acarretará certamente uma intervenção da Anatel.

Para o sucesso da renegociação com os credores, uma definição sobre as pendências com o governo é essencial. Se não houver uma negociação em relação aos créditos constituídos (dívida judicializada pela Advocacia Geral da União) e a possibilidade de um Termo de Ajustamento de Conduta tanto com a AGU quanto, principalmente, com a Anatel, nada feito. São R$ 20 bilhões na mesa. Para isso, a edição da  Medida Provisória anunciada pela Anatel no dia 28 de abril, e ainda não publicada, é essencial. Para a Oi, não resolve apenas um alongamento dos prazos, como assegurado pela MP do Refinanciamento editada em maio. Nesse contexto de dependência do governo para uma questão tão crítica, a Oi é muito mais afetada pela turbulência política que paralisa o governo e pelo impasse entre Anatel e TCU em relação aos termos de ajustamento de conduta.

Após setembro, a depender do sucesso da reestruturação, a Oi precisará urgentemente passar por um processo de capitalização, e as contas dos analistas que acompanham de perto a situação da empresa apontam para montantes de pelo menos R$ 8 bilhões. Isso assegurará que a empresa consiga passar de um patamar de investimento que hoje é inferior a R$ 5 bilhões por ano para algo próximo a R$ 7 bilhões. Ainda será menos do que os concorrentes têm investido por ano em média (cerca de R$ 8 bilhões/ano), mas o suficiente para que a Oi contenha uma erosão ainda maior de marketshare e perda de receitas. Essa capitalização virá de um aumento de capital dos acionistas, com participação inclusive dos credores “convertidos” em acionistas, ou de um eventual investidor externo, sendo a primeira opção a que vem sendo trabalhada pela diretoria.

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Em relação a possíveis investidores a empresa tem propostas de US$ 1,25 bilhões (Orascom/Nagib Sawiris, já oficializada), R$ 7 bilhões (Cerberus/RK Partners, ainda informal) e de R$ 9 bilhões (Elliot, também não oficializada). Em todos os casos, com grande diluição das participações dos credores e acionistas atuis, chegando a 90%.

Alcançando a recuperação e conseguindo a capitalização necessária, a empresa terá dois problemas prioritários a atacar: a expansão da sua rede de acesso em fibra e uma forma de ter acesso à faixa de 700 MHz que as concorrentes começam a explorar e que a Oi não dispõe. Nesse sentido, uma aliança com a TIM seria o mais lógico, mas as empresas estão em pé de guerra em função de disputas judiciais e administrativas (na Anatel) em relação às redes EILD. Hoje, não existe clima para este tipo de acordo, mas é o caminho mais óbvio, considerando que a TIM também tem grande necessidade de infraestrutura de transporte e backhaul e tem na Oi justamente a sua principal fornecedora nesse aspecto. A operadora também irá se desfazer de alguns ativos para se capitalizar. A venda das operações na África é o primeiro item na lista, mas a venda da operação móvel no Estado de São Paulo é um caminho muito provável.

O desafio de chegar a um acerto final para a recuperação judicial enfrenta não só o desafio de Brasília. Uma segunda variável, igualmente complexa, passa pelos acionistas da empresa e alguns credores. A Société Mondiale, liderada pelo empresário Nelson Tanure, tornou-se um dos principais acionista da empresa comprando ações a preços irrisórios enquanto a empresa agonizava, e congrega em torno de si alguns fundos credores que também adquiriram os títulos de segunda ou terceira mão, com grandes descontos. Os planos de Tanure para a empresa são incertos e despertam pouca confiança entre analistas de mercado e governo. O grande temor é que se ele assumir o controle possa se repetir o principal problema que a Oi sempre teve, possivelmente desde a privatização: uma gestão que não seja voltada para a companhia, mas para o interesse de um sócio individualmente. Não se sabe qual será o apoio de Tanure a um plano de recapitalização da empresa e nem a sua disposição a ser diluído no processo de acerto com os credores.

Em relação aos demais credores, as conversas avançaram, incluindo desde o BNDES (que tem garantias) quanto em processos de mediação trabalhistas e com fornecedores.

Recuperação

Desde que entrou em recuperação judicial, o que coincide com a gestão de Marco Schroeder, a empresa conseguiu recompor o caixa de cerca de R$ 5 bilhões para R$ 7,7 bilhões, aumentar a margem EBITDA de 23,3% para 28% e reduzir os índices de reclamação junto à Anatel (queda de 28%), ações em Procons (queda de 22%) e processos em Juizados Especiais (queda de 56%). E as ações da companhia, ao longo desse período, se valorizaram cerca de 300%. Mas a Oi está há pelo menos três anos investindo significativamente menos do que os concorrentes e há um ano com suas atenções voltadas para o final do processo de recuperação, o que também compromete o seu planejamento de long prazo.

 

1 COMENTÁRIO

  1. A Oi so vai falir se os acionistas quiserem assim…
    A Oi tem 42 milhoes de clientes na telefonia movel e 35% do mercado de telefonia fixa.

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