O presidente da Brisanet, José Roberto Nogueira, entende que os compromissos de investimento do leilão de 5G da Anatel têm que ser adotados apenas com a tecnologia móvel de quinta geração. Em entrevista ao TELETIME, o executivo da prestadora de pequeno porte (PPP) argumentou que já há outras propostas de política pública focadas na infraestrutura fixa, e que há o perigo de haver sobreposição com as redes que já estão sendo construídas pelos provedores regionais.
Na opinião de Nogueira, não é necessário a Anatel incluir compromisso de backhaul no leilão. "Não precisa, em três anos não vai haver nenhuma cidade do Brasil aonde a fibra não chega, a não ser cidades no centro do Amazonas e do Pará", prevê. Ele justifica que as PPPs já estão colocando a conexão ótica em regiões mais afastadas, e que o 5G poderia assumir essa mesma capilaridade. "São pequenas empresas que enxergaram que o osso pode ter retorno, com trabalho mais enxuto trazendo viabilidade."
Por conta disso, o executivo é a favor de compromissos estabelecidos com a própria tecnologia 5G – algo que o presidente da Anatel, Leonardo Euler, já demonstrou interesse em incluir. Nogueira justifica que um provedor regional consegue aliar a oferta da rede móvel em conjunto com a Internet fixa. "Eles estão financiando a construção de backbone e backhaul, e isso é maior parte do investimento para colocar o 5G. Colocar só o equipamento na ponta, a torre, é um investimento pequeno, desde que a fibra já esteja na calçada."
PERT
Na opinião de Roberto Nogueira, o levantamento da infraestrutura do Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (PERT) deveria ser mais ágil para manter a presença da fibra atualizada no mapa. "O que isso acontece agora, ou quando chegar a fibra [pelo compromisso do leilão de 5G], já vai estar construído", declara.
Ele diz que uma vez com infraestrutura, o cabo chega à cidade com vários pares de fibra, o que eliminaria a necessidade de construção de uma nova rede. "Tem provedor de 3 mil usuários puxando fibra de 40 km de uma cidade para, fazendo swap e trocando fibra. Essa construção está tão rápida que em dois anos, vai ser tudo concluído", argumenta.
Além disso, outras políticas públicas já estariam prevendo a implantação da infraestrutura fixa, como os compromissos atrelados ao saldo da migração das concessões para autorizações no regime do novo modelo. "Esse recurso, sim, poderia ir para construir, mas ainda assim tem que ter um monitoramento", finaliza.