A aposta das fornecedoras durante a conferência Interop em Las Vegas, nos Estados Unidos, foi nas software defined networks (SDN). Companhias como Hewlett-Packard e Alcatel-Lucent exploraram o conceito de levar a automação e inteligência às redes de data centers, embora ainda exista pouca implementação real no mercado. A vice-presidente senior e gerente geral da HP Networking, Bethany Mayer, ressaltou durante sua apresentação no evento que isso mostra a necessidade de inovação. "Esse mercado não tem mudado, fazemos (redes) da mesma forma há 20 anos", afirma. Ela defende que já há iniciativas. "SDN é uma mudança de paradigma, é possível simplificar, escalar e entregar o que o seu negócio procura. Isso é uma realidade, não é um conceito ou uma discussão."
De fato, já há implementações. Em 2011, a cadeia de varejo de vestuário Sears Holdings tinha problemas em lidar com tantas informações e transações de consumidores. A saída para isso foi utilizar a solução da HP. "Estávamos atingindo a saturação na rede de data center com infraestrutura de switch antiga, precisando de backups e aumentar a nuvem privada; com o Big Data explodindo e novos requerimentos introduzidos pela política de preços dinâmicos", afirmou o vice-presidente de redes e segurança da informação da Sears, Conrad Menezes. Segundo ele, os problemas foram sanados após a renovação da tecnologia.
Fluxo de tráfego
A Alcatel-Lucent Enterprise, divisão da companhia francesa voltada para o setor corporativo, tem uma abordagem um pouco diferente. Há três anos, a empresa aposta em uma espécie de SDN, que chama de rede de aplicações fluentes (AFN), que otimizam a rede local e automatizam processos. "Agora é uma questão de construir uma capacidade e a rede para reconhecer o tráfego e ter as políticas certas para que as redes saibam o que fazer – sem isso elas não podem ser autônomas", afirma o diretor de marketing e soluções de redes para Enterprise da ALU, Cliff Grossner. "O que, por sinal, não é tão diferente do que as SDNs estão tentando conseguir", reconhece.
Grossner explica que a ideia é ter uma rede capaz de identificar o fluxo de tráfego, ajustando automaticamente de acordo com a aplicação. "Se pensar no tipo de problema que estamos tentando resolver, não é sobre arquitetura", diz ele. "Uma das coisas que estamos fazendo com o setor corporativo é deixa-lo capaz de consumir serviços de rede em cloud, porque é isso que acreditamos ser o modelo do futuro."
A empresa lançou durante o Interop uma família de switches que contempla essa visão de fluxo de rede, mas que também considera a situação atual da infraestrutura em data centers. "Acredite ou não, mas quase 90% dos servidores ainda tem ethernet de 1 Gbps e ainda conta com infraestrutura de cobre", declara Grossner. Um dos produtos é um switch que utiliza hardware similar ao do equipamento para fibra, mas com módulo adaptado ao cobre.
Aplicações
A Alcatel-Lucent também está apostando em WLAN, como uma equipamento que conta com proteção contra movimentos para ser usado para a indústria de transportes, contando até com GPS embutido. "Se você tem uma companhia de ônibus e oferece Wi-Fi para passageiros, você tem 3G ou 4G para se conectar à rede da empresa e, quando chega ao destino, ela se mantém conectada para fazer download e upload de análises e de relatórios", explica o diretor de marketing de soluções da área de network business da empresa, Heitor Faroni.
A ALU já emprega essas soluções em diversos negócios, incluindo no Brasil, na prefeitura de Osasco, em São Paulo, onde vendeu 175 switches após vencer disputa na licitação contra Huawei e Cisco. "Começaram a falar sobre a (rede de) telefonia, mas depois viram que não havia (demanda pela melhoria de) performance de rede, então nos procuraram", afirma Faroni.