Para analistas, TV a cabo precisa se preparar para mudança de modelos

Para analistas financeiros norte-americanos, os principais problemas enfrentados pelos operadores de TV a cabo nos EUA passam pela mudança de modelo inevitável trazidas pela Internet, pela incerteza regulatória de uma possível intervenção do governo nos preços da banda larga e pelo desempenho ruim do mercado do ponto de vista de qualidade de serviços e do crescimento de base. Em painel realizado durante a NCTA Cable 2010, principal evento de TV paga dos EUA que acontece esta semana em Los Angeles, esses temas foram colocados no contexto das razões que fazem com que as empresas de cabo ainda estejam com as ações pouco valorizadas a despeito dos bons indicadores financeiros.
Para Jason Bazinet, analista do Citibank, existe um grande risco no horizonte dos operadores de cabo, que é a quebra do modelo existente. Ele explica que a Internet foi arrasadora com modelos que não eram convenientes para o assinante. Foi assim com a música, explica, que vendia o CD inteiro quando os usuários queriam apenas uma faixa. "Hoje a venda é música a música e as receitas são muito menores", diz. Foi assim com os jornais, modelo no qual as pessoas compravam todo o jornal para ler duas ou três notícias e hoje leem o que querem na Internet. "As pessoas não querem o número de canais que elas recebem da TV por assinatura. A Internet vai acabar quebrando esse modelo também, e isso é preocupante", diz Bazinet.
Regulação de preços

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Para Craig Moffett, analista da Sanford C. Bernstein & Co, quando a FCC sinalizou que iria regular os serviços de Internet como telecomunicações, gerou muita incerteza sobre como será o futuro das receitas com esse tipo de serviço. "A TV a cabo ganha com a banda larga, mas se não há certeza de recompensa pelo sucesso da banda larga, não se pode apostar nas empresas de cabo", disse. John Hodulik, analista do UBS Securities, acredita que a questão regulatória está tendo um impacto sobre a classificação das empresas, "mas isso não afeta em longo prazo a nossa visão de que o mercado está bom para empresas de cabo e que há muito poder de geração de receita nessa indústria".
Moffett também acredita que a TV por assinatura encontrará uma saída para esse desafio. "Em 2002 havia o medo das teles, havia o medo do satélite, havia medo de que o serviço de voz morresse, que os investimentos nas redes não fossem suficientes, que viria o vídeo pela Internet… Todos estes riscos continuam aí, mas o mercado se mostrou resistente e cresceu", disse o analista.
Serviços
Menos otimista foi Bazinet, do Citibank. "Corro o risco de sair expulso daqui, mas vou dizer: os operadores de cabo estão perdendo assinantes, a Dish é hoje do tamanho da Time Warner cable. Os operadores precisam ganhar assinantes básicos para crescer em novos serviços. Não adianta falar de interatividade se o atendimento ao consumidor é péssimo", provocou o analista, explicando porque as operadoras não conseguem as valorizações que procuram no mercado de ações. Na perspectiva de novos investimentos que as operadoras deveriam fazer, Craig Moffett também destacou o impacto que os custos crescentes de programação terão no mercado. "O custo de entrada da TV paga chegou em um ponto crítico. Para uma grande quantidade de americanos, depois de pagar todas as contas básicas, sobram pouco mais de US$ 100 dólares para gastar. Não dá para cobrar US$ 80 em um pacote básico de cabo. O cabo tem que vir com pacotes mais baratos para que a maior parte dos americanos possam pagar".

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