Ericsson sugere refarming de faixas baixas para plena adoção do 5G no Brasil

Imagem: Miguel Á. Padriñán/Pexels

O pleno uso do 5G Standalone (5G SA) está mais devagar do que o esperado e isso atravanca o desenvolvimento de um ecossistema de soluções baseadas na quinta geração móvel, fator relevante para a rentabilização dos investimentos em redes das operadoras, avaliou a diretoria brasileira da Ericsson, em coletiva online com jornalistas, nesta quinta-feira, 13.

A empresa considera três fatores importantes para impulsionar a adoção do 5G SA: a ampliação da infraestrutura de core (núcleo) 5G, o aumento da penetração de smartphones compatíveis com a tecnologia celular mais moderna por parte da população e a disponibilidade de frequências baixas.

De acordo com Paulo Bernardocki, diretor de Soluções e Tecnologia da Ericsson Brasil, como a implementação do 5G tem se concentrado na utilização das frequências de 3,5 GHz e, em alguns pontos, de 2,3 GHz, a cobertura ainda não é contínua. A tecnologia, segundo o diretor da Ericsson, precisa de espectro mais baixo para pleno uso, de modo a eliminar lacunas de cobertura.

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Nesse sentido, ele sugere o refarming de faixas atualmente usadas pelo 4G para habilitação do 5G. "Hoje temos [as frequências de] 1.800 MHz, 2.100 MHz e 2.600 MHz. Uma dessas três pode ser convertida em frequência para o 5G", destacou.

"Isso fica ainda mais simples porque podemos fazer spectrum sharing. Então, não precisamos, como no passado, desligar totalmente uma tecnologia para converter a banda para outra", acrescentou.

Fatiamento de rede

Um caminho apontado pela Ericsson para a oferta de novos serviços é por meio do fatiamento de rede (network slicing). Contudo, a arquitetura só deve deslanchar com a propagação do 5G SA.

"O slicing pode, sim, ser feito em cima do 5G NSA [Non-Standalone] ou mesmo do 4G. A diferença é a facilidade para se implementar e gerenciar um serviço como esse [no SA]. Em cima do NSA, é um processo trabalhoso, complexo e demorado. Por isso, não temos tanta flexibilidade assim em cima das redes hoje", disse Paulo Bernardocki.

Atualmente, as teles operam o 5G no Brasil com dois cores de rede: um próprio para a quinta geração, que permite o funcionamento do 5G SA, e outro compartilhado com o 4G, que habilita o 5G NSA.

Acontece que a maior parte da população conectada ao 5G utiliza a modalidade Non-Standalone. Embora não tenha prejuízo de velocidade em comparação ao "5G puro", a rede NSA tem limitações que dificultam a oferta de novos serviços, como reforço de banda para aplicações específicas – realidade aumentada, cloud gaming, transmissão ao vivo etc.

Rentabilização

Na avaliação de Rodrigo Dienstmann, presidente da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, as redes 5G ainda operam em "monomodo", ou seja, são as mesmas para todos os usuários. A propagação do 5G SA é o que permitirá diferenciar a rede para cada aplicação.

"Com o standalone, as operadoras podem criar diferentes níveis de serviço e disponibilizar aos desenvolvedores. Teremos várias redes diferentes na mesma torre, no mesmo espectro, com vários casos de uso. E as operadoras serão as primeiras beneficiadas. Hoje, elas não têm tanto retorno sobre o investimento. Todo mundo tem um pacote e paga pelo pacote. Mas elas poderão cobrar por novos serviços", projetou.

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