A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) está preocupada com a retirada do Brasil da categoria de países em desenvolvimento pelos Estados Unidos nesta semana. Em comunicado enviado nesta quinta-feira, 13, a entidade disse que a medida pode prejudicar as exportações brasileiras. Isso porque os EUA são o principal destino das vendas externas do setor eletroeletrônico, chegando a 29% em 2019.
A associação explica que, apesar da decisão dos Estados Unidos "ter como foco as exportações chinesas", a exclusão traz outros impactos. Como exemplo, cita a adoção de medidas de defesa comercial (direito antidumping, direito compensatório e salvaguardas). Além disso, alega que pode afetar o Sistema Geral de Preferências (SGP). Esse esquema anual concede redução de imposto de importação para produtos brasileiros nos EUA e está em fase de renovação.
O prejuízo vem porque de 25% a 30% das exportações do setor são beneficiadas pelo SGP. Sem essa condição, diz a Abinee, os produtos brasileiros perdem competitividade no mercado norte-americano. Somente em 2019, as exportações para os Estados Unidos somaram US$ 1,6 bilhão, um avanço de 23,7% em relação a 2018. A representatividade dos EUA nas vendas externas aumentou de 23% para 29% no mesmo período, encerrando 2019 como a maior participação desde 2004.
Revisão da categoria
Dessa forma, no entender da Abinee, a medida pode afetar "algo em torno de 30% dessas exportações" sem o benefício do SGP. Consequentemente, a associação diz que esses produtos podem ficar "fora do mercado".
Portanto, a avaliação da entidade é que o governo brasileiro deveria solicitar aos EUA a revisão da medida, "como forma de defender os interesses brasileiros". A Abinee afirma que, se isso não acontecer, o prejuízo será não apenas para o setor eletroeletrônico, mas em todos os segmentos e "até de alguns agroindustriais".
Mau momento
A notícia da retirada do Brasil da categoria de países em desenvolvimento vem em um momento complicado para a indústria. A indústria teme um desabastecimento por conta de fornecedores chineses perante o Coronavírus. Ainda assim, o empresariado do setor mostrava confiança para este ano.