Na maior parte dos eventos de telefonia móvel dos últimos anos, medalhões da indústria de entretenimento, sobretudo da indústria fonográfica, são convidados a apresentar às platéias sua visão sobre as novas oportunidades no mundo da mobilidade. Em geral, a fórmula para a aparição desses executivos é mais ou menos igual: primeiro entra um vídeo de forte impacto emocional, com muita música (obviamente), de preferência hip-hop ou batidas eletrônicas, imagens montadas em ritmo de videoclipes. Depois, o que se vê, é uma palestra em tom de quase desespero pela dramática mudança de paradigma que o mundo da Internet, da banda larga e o universo da replicação e distribuição digital de informações causou ao mundo da música. Em geral estes executivos tentam mostrar alguma segurança sobre o futuro. Mas durante o 3GSM World Congress, realizado em Barcelona esta semana, o CEO e chairman da EMI, Jean Cecillion, foi um pouco mais realista. ?O momento é de turbulência e redefinições para a indústria de música, e o nosso modelo de negócios tem que ser totalmente revisto?. Ele aponta a pirataria como o principal problema, mas não tem a solução. ?Nossa indústria era de US$ 40 bilhões e hoje é de US$ 30 bilhões e alguma coisa, por conta da pirataria?, diz. ?Esse é um problema que precisa ser atacado, sem que o usuário seja o prejudicado?.
A telefonia móvel parece ser uma luz para as gravadoras. Alguns números citados durante o evento: 10% das vendas de música hoje já são feitas de forma digital sem meio físico (sem CD) e, dessas, metade é vendida pelo celular (no Japão, o percentual sobe para 90%). ?Para desenvolver mais esse mercado, precisamos de interoperabilidade global, sem criar barreiras para o usuário. E também simplificar as operações, porque ainda é muito difícil usar o celular para comprar uma música?, diz o CEO da EMI. Mas aí vem o problema. "Só que a interoperabilidade não pode ser confundida com pirataria. Se não, vamos ser devorados quando a banda larga chegar efetivamente ao celular".
3GSM World Congress