Estados Unidos ampliam restrições na exportação de chips

Foto: Gage Skidmore

Os Estados Unidos abriram um novo capítulo de guerra comercial ao impor restrições a diversos países do globo. Nesta segunda-feira, 13, o governo ainda liderado por Joe Biden anunciou um novo arcabouço de regras que tem como objetivo limitar ainda mais a exportação de chips americanos de inteligência artificial (IA), mirando países como China e Rússia – mas também afetando outras nações como o Brasil. 

O documento divide o mundo em três grupos diferentes, determinando o nível de acesso à tecnologia que cada país terá. Ficam de fora das novas regras 18 nações aliadas dos Estados Unidos. Esses chamados "países confiáveis" poderão importar os processadores produzidos por lá de forma ilimitada. 

Grupos

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1. Países aliados (ou "confiáveis"): Austrália, Bélgica, Grã-Bretanha, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Espanha, Suécia e Taiwan.

Outros países (como o Brasil) terão acesso limitado aos processadores gráficos (GPUs) fabricados por fornecedores dos Estados Unidos. Essas outras nações poderiam comprar até 50 mil GPUs. No entanto, é possível que acordos entre governos aumentem o limite para 100 mil GPUs  – caso objetivos de controle de exportação, energia renovável e segurança tecnológica estejam alinhados com os dos EUA.

2. Países considerados "de não preocupação": cerca de 120 nações do globo. Aqui, estão mercados como Brasil, Cingapura, Arábia Saudita, Israel, Argentina, Arábia Saudita, entre outros.

Entidades neste segundo grupo podem obter o status de "National Verified End User" (NVEU), permitindo que comprem uma quantidade limitada de capacidade computacional, desde que atendam a "altos padrões de segurança".

3. Países "de preocupação": aqueles que representam alguma "ameaça" à segurança dos EUA. Neste terceiro  grupo, países como Rússia, China, Coreia do Norte, Síria e Irã têm bloqueio total no acesso à tecnologia produzida pelos Estados Unidos.

Política

O país informou que deseja prevenir abusos no uso da tecnologia. "Em mãos erradas, sistemas avançados de IA têm o potencial de agravar riscos à segurança nacional, incluindo facilitar o desenvolvimento de armas de destruição em massa, apoiar operações cibernéticas ofensivas poderosas e auxiliar em abusos de direitos humanos, como vigilância em massa", afirmou documento divulgado pela Casa Branca.

Esse anúncio ocorre uma semana antes de Biden deixar a presidência dos Estados Unidos. No próximo dia 20, o cargo será assumido por Donald Trump – cuja governança também foi marcada pela imposição de regras que dificultaram que empresas chinesas obtivessem tecnologia produzida em solo americano.

A nova política inclui um período de 120 dias para uma tomada de subsídios – durante o qual empresas e outras partes interessadas poderão revisar a nova política e enviar suas opiniões e sugestões. Mas a previsão é de que essas regras comecem a valer antes do término desse prazo de comentários. Ainda assim, a administração do presidente eleito Donald Trump deve ter tempo para avaliar e opinar sobre a política antes que ela entre em vigor.

Reações

Empresas americanas reagiram ao anúncio feito pelos EUA. Sediada na Califórnia, a fabricante de chips Nvidia não recebeu bem as novas regras. A companhia lançou uma nota em que afirma que essas restrições colocam em perigo o progresso global da IA e questiona a justificativa apresentada pela administração de Biden.

"Embora camufladas sob o disfarce de uma medida 'anti-China', essas regras não contribuiriam em nada para aumentar a segurança dos Estados Unidos.  As novas regras controlariam a tecnologia em todo o mundo, inclusive a tecnologia que já está amplamente disponível nos principais PCs de jogos e hardware de consumo. Em vez de mitigar qualquer ameaça, as novas regras de Biden apenas enfraqueceriam a competitividade global dos Estados Unidos, minando a inovação que manteve os EUA à frente", afirmou a Nvidia nesta segunda, 13.

No entendimento da fabricante, os Estados Unidos tendem a ganhar por meio da inovação, concorrência e compartilhamento de tecnologia com o restante dos países do globo. A Nvidia é uma das produtoras de chips que registrou crescimento nas receitas com o boom da inteligência artificial. Os papéis da empresa, que custavam U$ 20 no início de 2023, encerraram 2024 valendo mais de U$ 130 cada.

A Microsoft, por outro lado, declarou hoje que seria capaz de aderir à nova política anunciada por Biden. A empresa, inclusive, tem planos de investir US$ 80 bilhões em data centers habilitados para IA. 

"Estamos confiantes de que podemos cumprir integralmente os altos padrões de segurança dessas regras e atender às necessidades tecnológicas de países e clientes ao redor do mundo que confiam em nós", afirmou o presidente da Microsoft, Brad Smith.

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