A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgou nesta quinta-feira, 12, resultados de 2024 do setor eletroeletrônico no Brasil, com um crescimento de 11% no faturamento anual da cadeia. Especificamente na área de telecomunicações, o avanço foi de 4% – com aumento para a indústria de celulares, mas queda em infraestrutura de rede.
Desta forma, dos R$ 226 bilhões em faturamento da indústria eletroeletrônica em 2024, R$ 37,7 bilhões derivaram do segmento de telecom, indicam os números. Outras áreas relevantes no levantamento da Abinee são a de informática (que cresceu 14% em 2024) e equipamentos industriais (+9%). Veja detalhes no quadro abaixo:
No caso da indústria nacional de telecom, é feita divisão entre as empresas que fabricam celulares (alta de 7% no faturamento) e as fornecedoras de infraestrutura de rede (queda de 4%). Aqui, o cenário reflete uma readequação de investimentos das principais operadoras e uma tendência global no mercado de redes de acesso.
Para 2025, a expectativa é que a receita da área de infraestrutura de rede fique estável. Segundo Wilson Cardoso, diretor da área de telecom na Abinee, o próximo leilão de espectro do 700 MHz e a continuidade de investimentos na expansão do 5G devem ser motivadores da reversão do cenário de retração em redes.
Celulares
No mercado de celulares, a expectativa para 2025 é um crescimento de 3% – o que levaria a projeção da cadeia de telecom (redes + celulares) para 2% no ano que vem.
Em 2024, as fabricantes de celulares comercializaram 33,1 milhões de aparelhos com canais de distribuição, em recuperação ante 2023, mas ainda abaixo do volume de anos anteriores. Já no mercado cinza (irregular) foram 8,3 milhões de aparelhos, ou 20% do mercado brasileiro de celulares.
A questão da clandestinidade segue como grande ponto de preocupação, mas a indústria vê efeito das medidas tomadas pela Anatel e Receita Federal (exemplos aqui) contra a comercialização irregular de aparelhos. Em 2023 o mercado cinza correspondia a 25% das unidades comercializadas no País, ou cerca de 11 milhões de aparelhos.
A Abinee acredita que em 2025 o patamar possa cair para 14%, inclusive com ajuda da decisão da possível decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de rever o Marco Civil da Internet e ampliar a responsabilidade de plataformas pelo conteúdo de terceiros (o que envolveria responsabilidade solidária sobre anúncios para marketplaces que hoje comercializam produtos do mercado cinza).
A entidade também apontou um crescimento relevante no mercado de tablets (+32%) em 2024, impulsionado pela atualização do parque de aparelhos após dois anos de quedas nas vendas e projetos de educação conectada. Já os desktops e notebooks andaram de lado em 2024.
A indústria eletroeletrônica
O crescimento de 11% da indústria eletroeletrônica como um todo foi considerado uma boa notícia pela Abinee, mas também leva em consideração a base de comparação rebaixada, dado que o setor caiu 6% no ano passado.
Em 2024, a produção física da cadeia avançou 10%, revertendo queda de 10% em 2023. A utilização da capacidade instalada na indústria eletrônica passou de 73% para 79% em um ano. E o número de trabalhadores do setor cresceu em 19 mil postos, para cerca de 284 mil empregados.
Para 2025, a estimativa de crescimento setorial da indústria eletroeletrônica é de 6%, com confiança maior dos empresários nas próprias operações do que no cenário econômico. Questões como a agenda fiscal, o aumento da taxa de juros, a recente desvalorização cambial e os efeitos de guerras e da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos são pontos de atenção.
Ainda assim, 71% das empresas apostam que terão crescimento ano que vem, com 81% manifestando desejo de investir e 71%, intenção de contratar novos funcionários.