EUA querem liderar corrida para 5G, e vão pressionar UIT por mais espectro

Existe uma corrida pela liderança em 5G no mundo, e é prioridade do governo dos Estados Unidos passar à frente da Europa e da Ásia, conforme indicado no em painéis regulatórios no primeiro dia da Mobile World Congress Americas nesta quarta-feira, 12, em Los Angeles. No centro dessa batalha está a ampla disponibilização de frequências, em especial as mais altas, também chamadas de ondas milimétricas (mmWave).

"Os Estados Unidos têm que ganhar a corrida da 5G, esta é uma meta não negociável", destacou o secretário da National Telecommunications and Information Administrarion (NTIA), David Redl. Segundo ele, o governo norte-americano tem a diretriz do presidente Donald Trump de trabalhar com esse objetivo, disponibilizando o máximo de espectro possível para as operadoras por meio da agência reguladora Federal Communications Commission (FCC). Além disso, procura realizar parceria com multinacionais como Ericsson, Nokia e Samsung para levar a fabricação de equipamentos e dispositivos para os EUA.

Segundo Redl, o governo norte-americano está preparando comitivas para levar as propostas norte-americanas para próximos eventos da União Internacional de Telecomunicações (UIT): a plenipotenciária em Dubai, no final de outubro, e a Conferência Mundial de Radiocomunicações, no Egito, em 2019. "A competição pela liderança global em 5G vai ser apertada", ressalta o secretário.

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A administração Trump estuda a aplicação de diversas faixas médias, incluindo banda entre 3,7 GHz e 4,2 GHz, bem como as mmWave em 24 GHz, 28 GHz, 29 GHz, 37 GHz e 42 GHz. "Muitos pensam em 5G como ondas milimétricas, mas pode ser qualquer espectro, incluindo o existente. Deixemos para a indústria avaliar e fazer o que achar melhor", disse o diretor de engenharia e tecnologia da FCC, Julie Knapp. Ele sugere que também que as frequências sejam utilizadas de forma mais eficiente, de preferência com compartilhamento. "Para a gente ser bem sucedido, tem de ser um esforço colaborativo, todos nós temos papel nisso", completou.

"Achamos que é importante na corrida para os EUA conseguirem chegar na frente", declarou o diretor de política de espectro da T-Mobile, Chris Wieczorek. O executivo destaca que a operadora pretende participar de futuros leilões das faixas de 28 GHz e 24 GHz. "Quando o espectro fica disponível para a gente, usamos. O 600 MHz é um exemplo", destaca. Em Porto Rico, a operadora ligou a faixa dois dias após o desligamento da TV analógica.

Bandas medianas

Uma faixa importante para o Brasil e que está em avaliação atualmente para um possível leilão em 2019 é a de 3,5 GHz. Nos Estados Unidos, a faixa também está sendo considerada para um certame, com a contrapartida de destinar 10% dos recursos arrecadados para a cobertura em áreas rurais, conforme prevê um projeto de lei da senadora democrata Maggie Hassan, o Airwaves Act. A conselheira de política, transportes e inovação do gabinete da senadora, Kara Van Stralen, destaca que as metas são "agressivas". "É um possível leilão, com potencial de harmonização global. Estamos felizes que as operadoras querem também seguir na direção das bandas médias", declara. Nos EUA, contudo, os estudos passam inclusive pela adoção da faixa de 3,7 GHz para 5G, além de 3,6 GHz e 3,5 GHz.

"O caminho para comercializar o 3,5 GHz foi um pouco mais longo do que gostaríamos, mas há aplicações. Na semana passada, começaram as aplicações para o início da comercialização, esperamos que a FCC e a NTIA analisem e aprovem", afirma o vice-presidente de conselho regulatório da Qualcomm, John Kuzin. A fornecedora terá chipsets disponíveis ainda neste ano para apoiar as primeiras redes 5G com essa faixa, ele afirma. A FCC ainda está recebendo as propostas, e segundo Julie Knapp, será necessário primeiro uma coordenação com a NTIA e o governo.

Para a operadora US Cellular, as faixas de 3,7 GHz a 4,2 GHz são as mais interessantes. Há uma movimentação inicial para buscar esse montante de 500 MHz de espectro por ter características de propagação melhores, mas há a preocupação de que sejam destinados apenas 150 MHz para as teles. "Para mim isso seria um desastre, a indústria móvel precisa pressionar para metas mais altas", declara o vice-presidente de relacionamentos federais e políticas públicas da empresa, Grant Spellmeyer. Ele demonstra ainda preocupação com a possibilidade de revenda de espectro, criando espécies de leilões privados, argumentando que uma operadora menor teria dificuldades de se adequar a esse mecanismo.

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