Para a diretora de assuntos institucionais da Telefônica, Leila Loria, existe um novo modelo de Internet que precisa ser construído mundialmente por todos os integrantes. A chegada da Netflix só reforça a necessidade de discutir esse tema, lembra. A preocupação da Telefônica é a sobrecarga das redes de banda larga pelos serviços over-the-top. "Existem várias projeções, mas todas elas concordam que o tráfego de Internet vai explodir por conta do vídeo", diz a executiva. Ela lembra que os investimentos que os operadores de TV por assinatura tiveram que fazer em rede foi enorme. "A chegada de um agente como a NetFlix, que não precisa investir em rede nem ter uma estrutura, consegue oferecer um serviço muito barato para o consumidor. Nada errado do ponto de vista do consumidor, mas precisamos discutir os modelos para repartir os custos", disse Loria. "Temos um dilema muito pesado para quem investe em rede e precisa ser remunerado por isso".
Para Paulo Mattos, diretor regulatório da Oi, o consumidor precisa ter direito de escolha do conteúdo, direito de escolher operadoras, direito de acessar qualquer informação e direito de conectar qualquer dispositivo a essa rede.
Para André Borges, diretor jurídico da Net, as operadoras de TV por assinatura deveriam ter direito de cobrar um uso diferenciado de rede. "Não estamos falando em impedir o acesso a nenhum serviço, mas é razoável que se fale em remunerar quem faz o investimento".
Para Paulo Mattos, da Oi, o modelo da regulamentação da FCC, nos EUA, com diretrizes que permitem a alocação de custos diferenciados está garantida e deve ser seguida. "Acho que a oportunidade de debate sobre isso está no Marco Civil da Internet, que está no Congresso", diz. Para ele, debater o assunto na nova regulamentação de SCM, como propõe a Anatel, é precipitado.
Para Leila Loria, essa não é uma questão de regulamentação, mas de modelo econômico e estrutura de custos. "O que se deveria fazer no Brasil é seguir o exemplo da União Europeia, é discutir isso com os novos players da cadeia".
Para Mário Girassole, diretor regulatório da TIM, essa discussão começa pela porta dos fundos, dado que o problema mais grave é estabelecer regras para o compartilhamento das redes que existem hoje. "É isso que garante a competição em rede. O debate aconteceu durante a Futurecom 2011, que acontece esta semana em São Paulo.