Parece um horizonte longínquo aquele em que não haverá mais TVs analógicas em funcionamento no Brasil, mas nem por isso os players de telecom querem que a discussão sobre o que acontecerá com a faixa de 700 MHz, hoje usada para a radiodifusão, seja postergada. Pelo contrário, para os representantes desses setores presentes em debate na Futurecom quanto antes esse debate acontecer, melhor. Mas a sinergia entre eles acaba aí.
Ricardo Tavares, diretor de assuntos regulatórios da Ericsson, compara a faixa de 700 MHz com o PLC 116. Segundo ele, a tramitação do PLC 116 só foi acelerada quando o governo definiu a banda larga como prioridade. “Temos que ser realistas. Perdemos 5 anos de investimentos em banda larga. O executivo precisa ter um papel de mediador ativo, ou vamos perder mais 5 anos de investimento em banda larga.”, diz ele. O fato de, segundo ele, o governo ter escolhido a banda larga como prioridade já é um indicativo da destinação que deve ser dada à faixa quando ocorrer toda a migração da TV analógica.
O ex-deputado Jorge Bittar, hoje secretário de habitação do Rio de Janeiro, deu sua opinião sobre o assunto. Para ele, é necessário que escolhe do Brasil seja a opção do resto do mundo, já que a harmonização de frequências é vital para a indústria. “O mundo usa o 700 MHz para a banda larga. Eu acho que a gente deveria pensar seriamente nisso”, diz ele.
Segundo Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do Minicom, a faixa não está ainda harmonizada mundialmente e por isso não é preciso nenhum tipo de precipitação no debate. Apenas nos EUA ela foi usada para a banda larga, ainda faltariam as posições da Europa e das Ásia. Vale lembrar que o modelo brasileiro para a alocação das faixas de frequência vem seguindo historicamente o modelo europeu.