Globo vê retomada do mercado de assinaturas e amadurecimento do modelo digital

Paulo Marinho, CEO da Globo, durante o PAYTV Forum 2024 (Foto: Marcos Mesquita)

A Globo comemora a retomada de resultados positivos, desde o ano passado, após um período de arrumação da casa e de pesados investimentos na sua transformação para uma mediatech e na unificação de todas as suas plataformas de vídeo em uma só empresa. Em participação no Pay-TV Forum, realizado nestas segunda e terça por TELA VIVA e TELETIME, o CEO da Globo, Paulo Marinho, afirmou que que a empresa está colhendo os frutos. "É a consequência de todo o processo de Uma Só Globo, que foi o momento de fusão das diferentes empresas, com olhar estratégico de uma transformação profunda na empresa. Foi uma transformação para o universo digital, com volume de investimentos muito importante", disse. Hoje, todos os conteúdos e todos os produtos e plataformas da Globo são totalmente digitais ou têm no digital um meio de distribuição importante, como é o caso da TV Globo, que está disponível em simulcasting no Globoplay.

Desde o ano passado, a Globo apresenta um ganho muito importante em termos de eficiência, com a integração das diferentes empresas, e goza de um crescimento importante tanto nos ativos digitais quanto em relação à TV Globo.

Notícias relacionadas

"A gente teve um ano bastante positivo, retomando resultados em termos de EBITDA robustos. Também abrimos muito bem esse ano. Tivemos um primeiro trimestre muito forte, crescendo em receita líquida em 12% em relação ao ano passado. Fizemos o melhor resultado em publicidade no primeiro trimestre dos últimos 10 anos", diz Marinho.

Por um lado, a publicidade vem crescendo e a receita com assinatura dos conteúdos Globo (incluindo canais) alcançou uma estabilidade com as novas estratégias de distribuição. A Globo avançou na transição do modelo de receita com assinaturas, com novas parcerias, mais opções e um modelo definido em parceria com os operadores. Com isso, segundo Marinho, neste início de ano houve uma mudança na direção da curva no total de assinaturas da Globo (somando digital e tradicional). "Demonstra que a gente está tendo sucesso na transição de um modelo. Quando a gente soma isso (os modelos tradicional e digital), começa a ter um crescimento novamente", diz.

Atrasado e desproporcional

Para o principal executivo da Globo, a indústria demorou para reagir à chegada da tecnologia de streaming e dos serviços disruptivos para aderir à transição para este modelo. "Tínhamos um modelo de negócio muito vencedor", justifica Marinho. "Agora, vejo que está todo mundo acelerando e buscando novos modelos e novas composições. Acho que agora a gente acertou a mão e está todo mundo numa trajetória positiva de crescimento", diz.

Ele aponta também um equívoco na estratégia de investimentos em conteúdos originais para o streaming. Hoje, no entanto, já haveria um reequilíbrio, com mais cuidado na alocação dos investimentos, tanto da Globo quanto da indústria como um todo.

"A gente continua com investimentos muito sólidos. Temos investido mais de R$ 5 bilhões por ano em conteúdo e tecnologia. É só uma questão do equilíbrio maior. A gente tem apostado muito na combinação do portfólio na Globo e também tem investimentos casados em diferentes janelas, fortalecendo o ecossistema Globo como um todo. E a gente vem conseguindo manter os canais fortes e relevantes", diz Marinho. "Temos muita crença de que o consumo linear ainda é muito importante, mas mais importante é a combinação dessas ofertas e desses serviços", completa.

Ele menciona ainda uma aposta mais robusta em outras frentes. A Globo avançou no mercado de influência e passou a agenciar alguns de seus talentos. Também teve um movimento no mercado de out of home, comprando uma participação na Eletromidia. "A gente vem buscando fortalecer o ecossistema Globo e a forma que a gente está vendo de enfrentar essa concorrência e mantendo, com muita solidez, nossos investimentos em conteúdo, tecnologia, modelos de distribuição e conhecimento do consumidor brasileiro", diz o executivo.

Competição global

Segundo Paulo Marinho, a estratégia da Globo é clara em relação à competição com players globais. "Pode ser uma vantagem ter um foco muito grande e uma crença muito forte aqui no Brasil. A gente vem se aprimorando e continuamente investindo no conhecimento do público brasileiro. Nossa estratégia está pautada em grandes investimentos em dados e em conhecimento em pesquisas sobre o Brasil e o consumidor brasileiro", diz.

A estratégia de atuação fora do território nacional também mantém o foco no Brasil, especialmente como plataforma e como grupo de mídia, mas atuando cada vez mais como produtor global de conteúdo. "A oportunidade que a gente enxerga no internacional é muito na venda do nosso conteúdo e tem várias oportunidades nesse sentido, como as coproduções. Mas a gente não pensa em competir no mercado internacional como um player de mídia, com o Globoplay, por exemplo. Isto está fora do nosso escopo estratégico. Honestamente, não teríamos nem o fôlego necessário para competir com essa turma", explica Marinho.

Sustentável

Segundo Paulo Marinho, a soma das estratégias mencionadas levou a um modelo que se aproxima da sustentabilidade. Ainda é necessário algum ajuste eventual, mas a combinação do portfólio Globo já é sustentável. "Quando a gente olha individualmente, seja para alguns produtos, ou para alguns modelos de distribuição, a gente vê que ainda precisa alcançar a rentabilidade. Mas no conjunto da obra, estamos bem posicionados e apontamos para um caminho sólido e positivo", diz Marinho.

O CEO da Globo lamenta que houve uma diminuição de investimento da concorrência em estratégias  de canais lineares, o que acaba afetando todo o mercado. Para a Globo, as plataformas lineares seguem fortes. "Os canais Globo nunca tiveram um posicionamento tão forte, quando você olha a audiência e share de consumo. A gente ultrapassou 50% de share, olhando o ambiente de canais lineares. Isso reforça o compromisso da Globo com o mercado como um todo, com os nossos parceiros de distribuição", disse.

Conteúdo

Paulo Marinho diz que o momento é muito rico para os criadores de conteúdo, porque as possibilidades são quase infinitas. Mas além disso, é especial para os criadores da Globo, por causa de algumas características da empresa de mídia. "Uma grande expertise da Globo é trabalhar conteúdos multigeracionais e de fazer conteúdo falando para muita gente ao mesmo tempo. Um aprimoramento dessa visão continua sendo algo extremamente importante para a gente. Acho que são várias ações para tentar endereçar esse grande desafio de linguagem", finaliza.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!