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‘Nós somos um novo entrante do mercado móvel. Somos uma PPP também’, diz CEO da Winity

CEO da Winity, Sergio Bekeierman. Foto: Divulgação

“Nós somos um novo entrante do mercado móvel. Somos uma PPP também. Estamos entrando com uma proposta nova de ser um player de atacado, mas temos obrigações e investimentos a fazer”. Com essa frase, Sergio Bekeierman, CEO da Winity, sintetiza o seu papel no cenário competitivo do mercado móvel brasileiro, ao ser questionado por essa reportagem se ao fazer acordos com grandes operadores, como o acordo com a Vivo anunciado esta semana, não estaria inviabilizando o aumento da competição planejado pela Anatel ao licitar a faixa de 700 MHz a quem não detinha a espectro. Como se sabe, o acordo com a Vivo tem uma característica importante: prevê o uso de 5 + 5 MHz, em caráter secundário, pela operadora, algo que surpreendeu a agência reguladora e motivou críticas dos competidores.

Em entrevista exclusiva a este noticiário, Bekeierman deixa claro que teve ou está tendo conversas com todos os outros atores que venceram o edital de 5G e outros players que queiram entrar no mercado móvel. “Somos os únicos operadores de atacado. As outras empresas (que ganharam o leilão de 5G) são focadas em serviço. O nosso sucesso depende dos acordos que vamos firmar com todas as operadoras”, diz ele.

Sem pré-acordo

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Ele nega que a Winity já tenha entrado no leilão com um pré-acordo fechado com qualquer operadora. “Assumimos um risco relevante na nossa decisão de investimento na licitação, que foi relevante. O que a gente testou com (potenciais) clientes foi entender se o modelo que a gente estava propondo de construir infraestrutura de forma compartilhável faria sentido. Mas as negociações só começaram a acontecer depois que o quadro estava definido e os players eram conhecidos, de saber quem era quem”. 

O CEO da Winity também esclarece que nas consultas formais e conversas com a Anatel anteriores ao leilão, a empresa questionou sobre a possibilidade de ser uma operadora de atacado, e que isso sempre esteve claro para a agência, mas ele não confirma ter recebido especificamente da parte da agência o sinal verde, ou uma sinalização contrária, para o modelo de aluguel de espectro.  “É um acordo industrial, regulado, tudo previsto na regulamentação e na regra do edital, onde você dá direito de uma empresa fazer uso secundário, explorar capacidade mas, você não transfere direitos e obrigações”, diz ele. “Não consigo precisar, agora, os termos em que conversamos com a Anatel”, diz ele, enfatizando a confiança na legalidade do modelo.

Mas ele defende seu  modelo de negócio também com o argumento do uso eficiente do espectro adquirido no leilão. “Temos uma autorização nacional. Mas existem cidades onde não vamos construir rede de 700 MHz, seja porque tem muita rede operando e não há pontos (para instalação), ou porque só com 10+10 MHz não vou ser competitivo. Isso coloca a questão do ponto de vista de regulação do uso eficiente do espectro. Eu sou autorizado a usar o bem público, mas se eu tiver usando somente em poucas áreas, quando eu pedir a renovação da autorização da Anatel, porque nossa ambição é perpetuidade, ela vai olhar (minha cobertura) e se eu não estiver usando nacionalmente, pode ter algum tipo de restrição, porque não terei feito uso eficiente e transformado em capacidade. Entramos nesse acordo para evitar que façamos investimento que não seja sustentável e também para fazer o uso eficiente do espectro”, diz Bekeierman.

Cliente âncora para viabilizar modelo

Além disso, diz ele, para que o modelo de negócio  de uma operadora neutra se viabilize, é necessário assegurar clientes âncora, de grande porte, e a Vivo foi a primeira, diz o executivo. “Temos que cobrir 20 mil km de estradas onde já existe cobertura, e nessas áreas não faz sentido sobrepor uma rede nova. Faz sentido usar redes de terceiros”, diz o executivo.

Mas se em 1,1 mil cidades a Winity terá metade do espectro adquirido, isso não pode inviabilizar o uso do restante da rede por outras empresas? Segundo o CEO da empresa, não. “Queremos conectar milhões de pessoas, de veículos… existem vários modelos que estamos discutindo, alguns com perspectiva específica, por região, outros mais de nicho. Acho que vamos conseguir dar uso sim para esse 5 + 5 MHz, a segunda metade, e viabilizar um novo entrante nesse tipo de modelo”, diz ele, ressaltando que o uso secundário do espectro pela Vivo se dará em apenas 20% da área de cobertura da Winity. Bekeierman não detalha o perfil dos municípios em que alugou metade do seu espectro para a operadora nacional, e diz que esses detalhes serão apresentados para a Anatel antes de se tornarem públicos.

Em relação ao fato de o acordo ter sido anunciado antes mesmo do início da operação de sua rede, Bekeierman destaca que existem prazos de obrigações que acabaram coincidindo. “O acordo com a Vivo foi anunciado antes porque a empresa já estava pronta, mas outros virão em breve. As nossas metas começam em 2023, os provedores regionais têm outras obrigações, para 2026, a Vivo era este ano, por isso saiu antes. Mas ter um cliente só, para nós, será um insucesso. Não temos exclusividade e queremos ter outros clientes com projetos rentáveis”, diz ele.

Modelo inovador

Segundo o CEO da Winity, as condições de negociação com a Vivo podem se repetir com outras empresas, mas foi um modelo que deu complementaridade para a construção de uma rede no atacado. “Em algumas localidades vamos construir rede própria, mas em outras não precisaremos”, diz ele.

Apesar das turbulências geradas pelo primeiro acordo, a Winity está confiante no projeto, assegura estar capitalizada e aberta a negociações. “É importante deixar claro que a Anatel foi inovadora no leilão, viabilizando uma operadora de atacado que vai cobrir áreas em que ninguém mais quis ir, e isso é inédito”. 

Ele lembra que a Winity quer antecipar as obrigações e acelerar a sua cobertura, possivelmente já lançando 400 sites este ano, a depender da aprovação do acordo com a Vivo pela Anatel e pelo Cade, mas ele não arrisca prazos. “Vamos conversar as conversas com a Anatel agora para explicar nosso modelo. Só depois disso é que saberemos se vai ser um processo longo ou não”.

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