[Atualizada em 13/08] Embora enfrente atualmente resistência na esfera pública, o tema de sustentabilidade vem ganhando espaço entre as empresas de telecomunicações no Brasil. A diferença é que, além do aspecto de reputação e marketing, a iniciativa pode ter agora viés econômico. As operadoras têm buscado maiores eficiências operacionais para lidar com a redução das margens, e programas sustentáveis que permitam não apenas um consumo consciente, como redução de custos, abrem um novo leque de possibilidades. Há também um grande empurrão na governança corporativa, já que o bônus dos executivos acaba sendo atrelado ao cumprimento de metas do tipo.
A Vivo tem um abrangente programa de sustentabilidade, parte da estratégia global do Grupo Telefónica, mas que recebe iniciativas locais que, inclusive, podem ser exportadas para outras operações da espanhola. O benefício também se traduz financeiramente. "Sim, a gente até gera receita em cima disso, como na logística reversa. Gera economia e receita, reduz impacto e, assim, eu consigo trazer benefício para a companhia", diz a executiva de sustentabilidade da empresa, Joanes Ribas.
Com essas iniciativas, a operadora consegue também se tornar mais atrativa. "Hoje a gente está no Dow Jones com cotação super alta porque temos mais transversalidade de sustentabilidade", avalia. Outro efeito é o da governança: a redução de emissões e a ampliação da diversidade e da reputação são metas vinculadas ao bônus dos executivos. Além disso, a Vivo tem um comitê executivo dedicado apenas à área de sustentabilidade e com a participação do presidente (Christian Gebara) e de "alguns vice-presidentes" no qual são discutidos estratégias, números e novos projetos.
Desde outubro de 2018, 100% do consumo de energia da tele é proveniente de fontes renováveis com a combinação de contratação de energia renovável no mercado livre e de geração distribuída em pequenas centrais hidrelétricas e da aquisição de garantias de origem renovável. Essa iniciativa ajuda a promover também a redução do CO2, cuja estimativa é de ser 70% menor em 2019. Segundo Ribas, a meta de energia renovável já foi atingida e será ultrapassada. "A gente antecipou essa meta em 12 anos, com impacto direto na redução de emissões [estabelecida] do grupo."
A Vivo tem planos de expandir o programa de sustentabilidade com outras iniciativas, incluindo uma de gestão de frotas neste segundo semestre, e outras de redução de emissões por ar condicionado e geradores. "Está tudo no forno, o segundo semestre estará recheado de coisas, até para as questões de emissões, cujas metas já batemos. Mas o projeto que vamos implementar vai ultrapassar essas metas, seremos pioneiros no mercado de telecom com essas iniciativas", avisa. Perguntada por este noticiário se haveria algum projeto específico sobre 5G, a executiva preferiu não adiantar, mas contou que há um estudo "bem profundo" sendo feito pela área de sustentabilidade.
Energia fotovoltaica
Inicialmente mais voltada à responsabilidade social, a estratégia da Algar Telecom passou a contar com"green ICT" (TIC verde) após a criação em 2010 de uma área específica de sustentabilidade. A partir desse ponto, a empresa passou a avaliar o impacto ambiental gerado e as melhores práticas para reduzir esse impacto, elaborando uma metodologia de relatório de emissões, como de gases de efeito estufa (GEE). "A gente tem preocupação grande com a qualidade do diagnóstico, acabamos de passar por auditoria para fazer a publicação da metodologia internacional do GHG Protocol [ferramenta utilizada para entender, quantificar e gerenciar emissões de GEE]", declara a assessora de comunicação, marca e sustentabilidade da operadora mineira, Cristiana Heluy. "Precisávamos que toda a organização entendesse o escopo e como é importante, porque as coisas acontecem nas [outras] áreas e precisamos que isso esteja na estratégia da empresa".
Assim, a Algar passou a engajar lideranças ao submeter parte da remuneração variável (bônus) dos executivos ao cumprimento de requisitos de sustentabilidade. Isso permitiu a aceleração dos programas, diz Heluy. Após a identificação dos maiores impactos da operadora – no consumo de energia e de combustível -, a empresa iniciou em 2012 o projeto de substituição da matriz energética, inaugurando a fazenda de energia fotovoltaica em Uberlândia (MG, onde fica a sede da tele). Hoje, mais de 50% da energia consumida é de fonte renovável, e pelo menos 18% já vem de fazendas de energia solar. A companhia também reduziu a emissão "relativa", por base de produtos instalados, para menos da metade para cada produto desses nos últimos seis anos.
Os ganhos econômicos vieram junto com o entendimento que a gestão sustentável poderia trazer resultados "para a linguagem financeira, que é o que o corporativo entende". Assim, Heluy e sua equipe começaram a "monetizar" alguns dos resultados obtidos, para começar a demonstrar os ganhos. Ela cita como exemplo o abastecimento de carros com etanol, que além de menos poluente do que a gasolina, também se mostrou "mais econômico". Embora também exista ganhos de reputação, o aspecto financeiro claramente importante. "Quando eu olho, matematicamente falando, o maior percentual [da área de sustentabilidade] é de Capex, dado os investimentos principalmente na questão de energia. É visto mais como investimento, graças também ao fato de a gente poder mostrar resultados."
O próximo passo da Algar Telecom é intensificar a adoção de energias renováveis, tanto pela compra de energia de fonte renovável gerada por concessionárias como a de geração própria. A empresa também pretende aumentar a adoção de energia fotovoltaica. A companhia tem expectativa de reduzir mais a emissão de CO2, após a redução de 17% entre 2017 e 2018.
Otimização de custos
A Claro Brasil (Claro, Embratel e Net) também tem iniciativas de sustentabilidade. A companhia detinha ainda para 2017 uma meta de chegar a 80% do consumo de energia por meio de fontes renováveis, sendo que o consumo era de mais de 600 mil MWh/ano, com expectativa de inaugurar ao longo do ano passado parques solares, eólicos, de biogás e de cogeração qualificada. Atualmente, 100% da matriz energética do grupo se baseia em fontes renováveis, conforme explica a diretora de responsabilidade social e comunicação da Claro e vice-presidente de projetos do Instituto NET Claro Embratel, Daniely Gomiero.
A companhia ainda conta com um programa de redução de mais de 100 mil toneladas de CO2, incluindo redução de frota de veículos e incentivo ao uso de bicicletas elétricas. Neste último caso, a Claro iniciou o projeto em 2015, no Rio de Janeiro. A executiva ressalta que há treinamento, equipamentos de segurança e estudo sobre a infraestrutura da própria cidade e da região antes de implantar a iniciativa. "Os técnicos diminuíram em um terço [o tempo de atendimento] porque no deslocamento não passa pelo trânsito e nem precisa buscar locais para estacionar".
Gomiero diz que há sim, uma recompensa econômica nas iniciativas. "Sim, a gente tem otimização e redução de custos para a própria companhia, é um ponto super importante. Na verdade, tem muitas possibilidades com usina e fonte de geração, então provavelmente tem um ganho", explica. A Claro não divulga se há metas atreladas aos bônus dos executivos, mas cada área ou diretoria tem indicadores que contribuem para os projetos, o que implica em incentivos para a governança.
O grupo Claro tem planos para uma estratégia global relacionada à sustentabilidade com indicadores e metas iniciais em 2020, com outras fases a serem implantadas posteriormente. "É uma iniciativa importante que está começando, vai acontecer por pelo menos um ano e meio, e acredito que será algo permanente", declara a executiva. A empresa deverá lançar na segunda quinzena de agosto o seu relatório social, que inclui outras questões como incentivos para formação de técnicos em comunicações.
Oi e TIM
Por meio de posicionamento por email, a TIM destacou que criou a área de sustentabilidade em 2006, e que desde 2010 passou a fazer parte de um dos comitês diretamente ligados ao conselho de administração. Em 2018, o consumo de fontes de energia renovável totalizou mais de 20%, e o objetivo é que a empresa amplie esse consumo para 60% até o ano que vem. No final do ano passado, a empresa tinha como projeção de que essa meta proporcionasse uma economia de até 22% no custo da energia; para até 2032, o objetivo é reduzir os custos pela metade. Em 2019, a tele adotará nova meta para ponderar consumo energético por tráfego de dados, reduzindo em 1% (em 2018, essa taxa ficou em 0,68 MWh/GB).
Além disso, a TIM analisa e monitora as emissões eletromagnéticas e de nível de ruído das estações radiobase (ERBs). Em 2018, 23,6% dos sites tiveram nível de emissões eletromagnéticas mensuradas. Ao longo do ano passado, passou a adotar medidas como desligamento temporário ou permanente de equipamentos ociosos e novas técnicas de refrigeração para reduzir o uso de gases de ar condicionados. A empresa também tem um projeto de captação e armazenamento de água para reuso.
A TIM também publica anualmente um relatório de sustentabilidade verificados por auditoria externa. Desde este ano, ela passou a integrar a carteira do Índice Carbono Eficiente (ICO2) da BM&FBovespa, com compromisso de monitorar e divulgar emissões dos GEEs. A permanência no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 é uma das metas da bonificação anual de todos os gerentes e diretores da companhia.
Também por email, a Oi declarou ser empresa signatária do Pacto Global da ONU desde 2009. A tele publica relatório de sustentabilidade e também faz parte do Programa Brasileiro GHG Protocol, no qual divulga o inventário de emissões dos GEEs. Atualmente, 25% da energia adquirida pela Oi é proveniente de fontes incentivadas e renováveis do mercado livre, como biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. "Além disso, estamos em diversos projetos de geração distribuída no Brasil, em parceria com empresas especializadas na construção de usinas solares", declarou a companhia no posicionamento.
Em fevereiro do ano passado, ao anunciar programa de energia fotovoltaica, a Oi destacou que a participação do consumo de energia limpa havia passado de 15,8% do total para 22,4% na operadora. A meta então era de chegar a R$ 428 milhões de economia de 2015 até 2019, quando o percentual de uso de energia limpa almejado será de 42,5%.
No comunicado por email, a tele destacou ainda iniciativas de responsabilidade social, como o Lab Oi Futuro, o programa Geração NAVE (Núcleo Avançado em Educação) e o OITO. A operadora está no nível 1 de governança corporativa da B3 e aderiu ao Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção.
O setor esta sobre pressao. de um lado red tape das municipalidades. Haja visto Sao Paulo bloqueando as torres.
Segundo, 5G colocara um novo desafio Alto cnsumo de energia.
5G is Power Hungry
https://www.linkedin.com/pulse/5g-power-hungry-osvaldo-coelho/