Modelo híbrido pago e gratuito pode incentivar TV móvel, diz Qualcomm

Embora todas as operadoras móveis já ofereçam algum modelo de entrega de vídeo utilizando redes celulares no Brasil, ainda falta um modelo de negócios para o serviço deslanche no País. Essa foi a conclusão o que chegou o debate do painel "TV paga de bolso", do segundo dia da ABTA 2009. A vice-presidente executiva da Qualcomm para Américas e Índia, Peggy Johnson, afirma que as experiências mundiais mostram que o melhor modelo de TV móvel é o que combina canais gratuitos no modelo free-to-air com canais pagos e interatividade para conseguir atingir o mercado de massa e gerar receita relevante.
"Acreditamos muito na TV móvel, mas ainda não é uma realidade no Brasil. Já fizemos inúmeras tentativas com streaming de programação ao vivo e download on demand, mas até o momento não tem interface fácil de acesso", desabafa Luis Renato Olivalves, diretor de novas mídias do Grupo Bandeirantes.
Nos EUA, a Qualcomm montou uma rede nacional para broadcast de TV móvel por assinatura utilizando sua tecnologia proprietária MediaFLO e oferece o serviço para usuários das operadoras Verizon e At&T. "Os usuários norte-americanos do MediaFLO assistem em média a 25 minutos de TV móvel por dia e têm um ticket médio de US$ 15/mês", afirma Peggy. Ela conta que para facilitar a integração entre serviços pagos e gratuitos de TV por assinatura, a Qualcomm passou a integrar em seus chips as tecnologias combinadas MediaFLO e o padrão japonês de TV digital ISDB-T One Seg. "Já embarcamos o padrão brasileiro no chip e fizemos testes aqui para mostrar que funciona. O brasileiro gosta de televisão e, se tiver oportunidade, vai assistir também no celular".

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TV analógica
O fato é que é nítida a popularização de celulares chamados de MP9 e MP10, que incluem a recepção analógica de TV aberta. "Sem dúvida essa popularização tem o lado positivo de criar a cultura de ver TV no celular. Com imagem digital, áudio de qualidade e ainda canais pagos em conjunto com a interatividade que não se tem na TV analógica, TV móvel será um sucesso no Brasil, desde que haja ambiente regulatório que permita um modelo de negócios", ressalta o gerente sênior de desenvolvimento de negócios das divisões MediaFLO Technologies e Qualcomm Internet Services (QIS), José Luciano do Vale. Para o CEO da Participe TV, Alberto Blanco, o problema é a ausência de frequências disponíveis para uma operação de broadcast para TV móvel que não envolva apenas o radiodifusor.
"O caminho que temos hoje são as licenças especiais de TV por Assinatura (TVA) na faixa de UHF. Se a Anatel autorizasse, poderíamos rapidamente ter o serviço lançado e funcionando", conta Blanco, que montou um projeto para lançar uma operação de TV móvel no Brasil usando essas freqüências.
Padrão brasileiro de TV digital
Para o gerente da Qualcomm, até o momento, são poucos os celulares que vêm com o receptor integrado da TV digital brasileira. "Não existe modelo de negócios para operadoras, que não têm incentivo imediato para fomentar esse mercado já que TV aberta é gratuita e por isso não subsidiariam os aparelhos", argumenta. "Existe mercado, mas operadoras só entrarão nesse negócio se tiver dinheiro na mesa, com um marco regulatório que permita evolução do serviço", pontua Blanco.
Contudo, vale destacar fabricantes como Samsung e LG já contam com alguns modelos de celulares com recepção de TV digital móvel embutida que contam com subsídio das operadoras. Entre os modelos estão smartphones e mesmo alguns aparelhos com menos recursos e mais acessíveis.
Para a diretora de mídias digitais e novos negócios da MTV, Sandra Jimenez, além da troca dos aparelhos, é preciso também um novo modelo de tarifação do tráfego de dados para permitir que os usuários acessem mais conteúdos no celular. "Hoje temos quatro horas diárias de programação de TV móvel em todas as operadoras, além do sinal aberto para os celulares que recebem TV digital", comenta. Para ela, embora todos tenham de ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, respeitar os parceiros antigos, como as operadoras tradicionais de TV por assinatura, isso não deve impedir a distribuição do conteúdo aconteça. "Temos de agregar o celular e a Internet para trazer mais assinantes para a TV por assinatura. Se não o fizermos, outro o fará, e de forma ilegal", enfatiza.

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