Com ferramenta nacional, Smartbill preenche lacuna de teles pequenas e médias

O esquema de faturamento de clientes nas operadoras não é um processo simples em nenhum lugar no mundo, mas pode ser ainda mais complicado no Brasil devido às particularidades do padrão contábil e fiscal. Até mesmo por isso, as plataformas de gestão de cobrança adaptadas ao País costumam ser caras, tornando-se inviáveis para players menores. A proposta da companhia brasileira Smartbill é preencher essa lacuna com o que chama de "segmento de economia de recorrência", oferecendo uma ferramenta para flexibilizar preços, diminuir inadimplência, acompanhar recebimentos e oferecer preços que equivalem a 10% do custo de uma solução estrangeira.

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O CEO e fundador da empresa, Mauricio Kigiela, afirma que identificou o gargalo há cerca de um ano. Ele explica que cada contrato de assinatura de cliente conta com diversos tipos de serviços, como ligações normais, de longa distância e créditos ou multas, além dos impostos que incidem sobre as tarifas. "As ferramentas estão disponíveis no mercado com preços absurdos, que só podem ser contratadas por (empresas de) telecom de grande porte", diz, referindo-se à soluções como a da Amdocs e NetCracker. Ele explica que as empresas brasileiras, sejam para serviços móveis ou fixos, e que atuam no segmento corporativo (B2B), costumam ter dificuldades. "Nenhuma delas consegue usar produtos de mercado desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Japão, que são caros. Eles não conseguem chegar na ponta com uma oferta razoável".

Kigiela garante que a concorrência não consegue atuar com o consumidor final por não conseguir ter informações e nem fazer coletas. "Foi pensando que eles não conseguem ter uma ferramenta de backoffice que surgiu nossa ideia de criar o Smartbill", lembra. O executivo garante que a solução cobre mais aspectos do que o recente lançamento da Amdocs, em versão Express para exatamente o mesmo mercado. "Eu desconheço no Brasil teles de médio porte usando Amdocs, porque no final o software vai ser mais barato, mas precisa ter toda a infraestrutura; a equipe de suporte é a mesma e é cara; é (um sistema) fechado, que dificilmente consegue ter agilidade e leveza para atender menores", declara.

Ele argumenta que as soluções internacionais não conseguem aplicar a cobrança na última milha. "Ele diz que vai pagar, mas não consegue emitir a nota fiscal considerando ICMS, ISS, as retenções de imposto que a gente tem de ter. Não consegue gerar boleto, conciliação e cobrar no cartão de crédito como algumas empresas que têm interesse em B2C e não têm backoffice", detalha. Outro problema é o sistema legado das incumbents, que ainda se valem de tecnologias antigas, como mainframe.

Processo lento

A Smartbill tem no momento contato com 17 empresas que estão fazendo primeiros testes. "O segmento de PMEs é complicado, o processo de venda e implementação é lento. A gente ainda precisa rodar um ou dois meses com dois sistemas em paralelo para que não fique nenhum detalhe de fora", diz. Outro atrativo, garante, é o custo. "Enquanto grandes empresas cobram de R$ 7 milhões a R$ 10 milhões, o nosso sai por R$ 15 mil a R$ 50 mil, e envolve tudo. Representamos 90% de economia."

O investimento na plataforma, até o momento, foi de R$ 1,5 milhão para o desenvolvimento. "Foi basicamente (um gasto) com pessoas, um time grande; as licenças dos softwares que compramos; e P&D", diz Maurício Kigiela. A equipe da Smartbill acabou indo para os Estados Unidos e Europa para pesquisar as plataformas que empresas de médio porte utilizavam. A ideia é que, em cerca de dois anos, a empresa comece a exportar a própria solução. A companhia já atua em outros mercados, mas está entrando no setor de telecomunicações agora. "Imagino que, em quatro ou cinco meses, a gente termine o ciclo de análises e comecemos a ter receita", estima o executivo.

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