No relatório da banda larga fixa da Anatel divulgado nesta quarta-feira, 12 (clique aqui para baixar), a agência traz alguns pontos relevantes sobre a competição desse mercado no País em 2020. Além de ter sido marcado pelo início da pandemia, o ano também mostrou a liderança dos provedores regionais e da fibra, ainda que a tecnologia não seja a preferida em alguns estados onde o cabo, cobre e até mesmo o satélite continuam a ter a maior penetração.
A fibra já é a principal tecnologia de acesso em 11 estados brasileiros, segundo o levantamento da Anatel. Vale ressaltar que, excetuando a presença de Minas Gerais (com 57%) e Paraná (com 51%), todos as unidades federativas onde a conexão óptica é a maioria são das regiões Norte e Nordeste.
Em primeiro lugar está o Amapá, onde o FTTH está presente em 83% das conexões. Em Roraima, o percentual é de 81%, seguidos de Piauí (69%) e Ceará (67%). Confira a lista completa no gráfico abaixo.
Vale lembrar que essa maior penetração da fibra não significa necessariamente maior densidade. No caso do Amapá, houve avanço de 2019 (37,38%) para 2020 (47,22%) na quantidade de acessos por 100 habitantes. Roraima também apresentou aumento, de 20,32% para 27,18%.
Em linhas gerais, a região Sul acabou tomando a primeira posição em densidade, saindo de 58,58% em média para 65,82% em 2020. Já o Sudeste cresceu menos, ficando com 63,39% (contra 60,21% antes).
O relatório chama atenção por um aumento na quantidade de acessos por satélite, ainda mais pronunciado durante o início da pandemia, no segundo trimestre de 2020, chegando a 330 mil acessos no trimestre seguinte. porém, houve redução nos últimos três meses do ano.
A fibra, por sua vez, passou de segundo lugar em 2019 a líder isolada em 2020, basicamente assumindo todas as adições líquidas no País. Com isso, aumentou também a quantidade de acessos acima de 34 Mbps, saindo de 13,41 milhões em 2019 para 21,39 milhões em 2020. Este é o recorte de velocidade mais alta da Anatel.
Competição
Como já é notório, o Brasil tem um "grupo" líder na banda larga fixa: as prestadoras de pequeno porte (PPPs). No mapa da densidade de indicadores de competição por município, é possível visualizar como a cor verde claro domina o País, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, e especialmente no interior dos estados.
Contudo, é interessante notar que o ranking de liderança por municípios, as PPPs mantêm uma liderança folgada, com 3.467 cidades. A Oi é a segunda colocada, com 1.229, e a operadora satelital Hughes aparece em terceiro, com 272 municípios, à frente de Vivo (221) e Claro (121).
No recorte de unidades federativas, a Oi lidera 12 estados, enquanto a Claro é líder em oito estados e no Distrito Federal. A Brisanet, por sua vez lidera em três estados, a Vivo em apenas um. Considerando as PPPs como um grupo, contudo, há uma liderança em 19 estados.
Segundo a Anatel, o índice Herfindahl-Hirschman de acessos, que mostra a competitividade do mercado, está em franco declínio desde o segundo trimestre de 2016. Com a explosão dos PPPs, o País ultrapassou entre o final de 2019 e começo de 2020 a meta estratégica da agência, de 0,1500 no HHI.
Conforme mostra o percentual de municípios e população atendidos, a Anatel registra que mais de 90% das localidades contam com mais de 5 empresas atuando. Havia ao final do ano passado 15.664 prestadoras de banda larga fixa.
Qualidade
Os indicadores de qualidade não representam o ano de 2020 inteiro, mas apenas até o terceiro trimestre. A agência afirma que houve aumento nas metas mesmo com a pandemia. O índice de cumprimento de metas de rede chegou a 91,3% ao final de setembro do ano passado, enquanto no atendimento foi a 61,2% (abaixo do 69,4% registrado no segundo trimestre de 2019, o maior índice histórico).
Nos indicadores de qualidade de rede, os estados de Santa Catarina e Roraima mostraram índice de 100%, enquanto o Distrito Federal chegou próximo, com 98,9%. Curiosamente, o maior mercado do País, São Paulo, apresenta o penúltimo lugar no índice de qualidade de rede, com 81,9%, à frente apenas do Amapá, com 75,9%. Já no atendimento ao usuário, Paraíba (68,9%), Amazonas (68,5%) e Sergipe (68,2%) são os primeiros. Em último está Roraima, com 46,4%.
No recorte por grupo, o percentual de "solicitações" teve a Claro como líder, com 31,20%, à frente da Vivo (25,97%), Oi (18,72%), Outras (16,27%) e TIM (7,84%) – porém, estes indicadores se referem ao "segundo semestre de 2020". O motivo maior de reclamações é a qualidade, funcionamento e reparo (36,86%) e cobrança (31,37%).