Uma inovação importantíssima do plano de banda larga dos EUA e que tem passado despercebida pela maior parte dos analistas é o dispositivo que prevê amplo acesso dos provedores de serviços às redes domésticas e dispositivos dos usuários, independente de quem seja o provedor de telecomunicações do cliente. A preocupação da FCC é a seguinte: uma operadora de TV a cabo e banda larga, por exemplo, poderia bloquear o acesso pelo usuário a serviços adicionais, como conteúdos over the top e aplicações, que não estivessem dentro da proposta comercial da empresa. Assim, assinantes de TV por assinatura seriam impedidos pela operadora, por exemplo, de acessar locadoras virtuais (como o serviço Netflix) diretamente através de seus televisores, ou teria o uso do Skype bloqueado, mesmo que esta funcionalidade esteja incorporada ao computador ou mesmo ao televisor. Segundo o diretor responsável pelo bureau de mídia da FCC, William Lake, o governo pretende trabalhar um conjunto de especificações de interconectividade dos dispositivos domésticos para garantir que nenhum deles possa ser bloqueado pelo set-top ou pelo modem de banda larga. "A FCC quer assegurar que nenhum provedor de rede tenha o controle direto ou indireto sobre os serviços abertos que o consumidor pode acessar", disse Lake a este noticiário. Ele explicou que a medida é muito diferente do chamado cable card, que era a idéia de uniformizar os set-tops de TV por assinatura para que as pessoas pudessem trocar de operadora sem ter que trocar de caixa. Apesar de imposta regulatoriamente, a ideia nunca saiu do papel. "Ali era mais complicado porque mexíamos com acesso condicional. Agora, dizem nossos engenheiros, a proposta é mais simples", diz. O que a FCC quer, por exemplo, é impedir que um usuário compre uma TV com acesso ao Youtube mas tenha esse acesso bloqueado pela empresa de telecomunicações ou de TV paga. Lake participou de debates durante a NCTA Cable 2010, evento de TV por assinatura que acontece esta semana em Los Angeles.
Convergência