A Vero divulgou nesta quarta-feira, 12, resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 e do acumulado do ano passado. O faturamento líquido no primeiro exercício completo após a fusão com a Americanet somou R$ 1,66 bilhão, em alta de 4,6% contra o resultado de ambas no ano anterior.
A Vero também registrou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 853 milhões no acumulado de 2024 (+5,6%), com margem Ebitda de 51,4%.
Por outro lado, houve prejuízo líquido de R$ 23 milhões no ano, pressionado pelo resultado financeiro e investimentos relacionados a integração com a Americanet – mas ainda assim indicando melhora de quase 90% ante os números das empresas combinadas em 2023, segundo Albernaz.
Apenas no último quarto de 2024, a receita líquida da Vero totalizou R$ 430 milhões, um avanço de 6,3% sobre o resultado no mesmo período do ano anterior. Ainda no quarto tri, o prejuízo líquido no último trimestre ficou em cerca de R$ 60 milhões.
CFO comenta números
Diretor financeiro (CFO) da companhia, Marcus Albernaz comentou os números em entrevista exclusiva ao TELETIME. Ele descreveu 2024 como um ano "transformacional" para a Vero e desafiador por conta da integração com a Americanet – que resultou em um grupo com 3,2 mil colaboradores e presença em mais de 425 cidades.
"Apesar da complexidade do processo, a gente superou as expectativas e capturamos mais de 160% das sinergias referentes ao ano de 2024. Esse foi um dos principais motores do crescimento", indicou Albernaz, sem detalhar os números do ano. Até 2030 a empresa projeta em torno de R$ 1 bilhão em sinergias a partir da fusão.
2024 também foi marcado por novidades na estratégia, com ampliação da oferta de telefonia móvel, fortalecimento no segmento B2B, ingresso nas capitais Belo Horizonte e Goiânia a partir de redes neutras de fibra e apresentação de um novo portfólio de produtos; estes dois últimos fatores impulsionaram adições de clientes na reta final do ano.
A Vero encerrou 2024 com 38 mil adições líquidas na banda larga, sendo 21 mil delas no último trimestre (a empresa encerrou o ano com mais de 1,4 milhão de assinantes). A aposta em serviços premium agregados à banda larga também resultou em receita média por usuário (ARPU) mensal de R$ 112 no último trimestre, 3,7% acima do mesmo período de 2023.
Segundo Albernaz, a estratégia é seguir avançando no indicador com a ajuda de serviços como a telefonia móvel: como exemplifica o CFO, um assinante de banda larga pode ampliar o ARPU em cerca de R$ 40 ao adotar a empresa também como operadora de celular. A Vero encerrou 2024 com em torno de 190 mil clientes móveis, com aposta justamente no modelo de combos com banda larga e streaming.
Em paralelo, a provedora também indica progresso no controle do churn (evasão) de clientes: a taxa de 1,77% registrada no quarto trimestre foi a mais baixa desde a operação com a Americanet. O número indica ser possível retornar ao patamar praticado antes da fusão, próximo a 1,5%.
Já do ponto de vista comercial, a Vero enxerga uma mudança positiva de diminuição na guerra de preços na banda larga empreendida por players menores, com ofertas de maior valor agregado prevalecendo. "Isso está ficando mais claro e sempre foi a nossa crença: uma combinação de posicionamento premium, churn baixo e NPS [net promoter score] de alto nível, mostrando qualidade na entrega ao cliente", afirmou o CFO.
Geração de caixa
Outro elemento destacado pela Vero em 2024 foi a geração de caixa, expressa no balanço na forma do Ebitda ajustado menos investimentos: o indicador chegou a R$ 308 milhões no ano, alta de 7,9% no comparativo com o exercício anterior.
"Isso posiciona a gente entre os maiores geradores de caixa do mercado de ISPs, o que está totalmente ligado à geração de valor de longo prazo", afirmou o Albernaz. Em paralelo, o investimento (capex) da Vero em 2024 somou R$ 545 milhões, o que também cresceu (4%), mas abaixo do indicador de geração de caixa.
Do ponto de vista da alavancagem, a Vero encerrou 2024 com múltiplo de 3,1x na relação dívida líquida/Ebitda. A marca é melhor que a do início do ano (cerca de 3,4x), , nota Albernaz, mesmo com captações de mais de R$ 1,6 bilhão no período. Entre as operações estiveram duas emissões de debêntures, sendo uma de R$ 900 milhões que registrou sobredemanda de investidores.
"Terminamos o ano com perfil da dívida muito positivo, com duração com prazo médio acima de cinco anos e mais de 60% da dívida indexada ao IPCA, que é melhor do que à taxa de juros", explicou Albernaz, notando ainda caixa capaz de suportar ao menos dois anos de amortização.
Momento macro e M&A
A empresa, contudo, monitora fatores macroeconômicos que podem ter impacto na operação. Um deles é o câmbio, embora hoje a Vero já tenha reduzido a importância de equipamentos importados na operação. "Hoje, 70% do que usamos não têm relação com o câmbio".
Outro fator que pode fazer diferença é a alta taxa de juros e o impacto não apenas no estoque de dívida, mas na inadimplência do consumidor. A empresa, contudo, relata que já trabalhou com projeções mais conservadoras para o juros e que no varejo, impactos sobre os pagamentos de clientes ainda não são notados.
A Vero segue atenta ao cenário de consolidação da banda larga. "Queremos continuar liderando o processo e estamos sempre abertos, com conversas regulares. Nosso foco segue na consolidação da fusão recente e no crescimento orgânico com melhorias nas ofertas, mas estamos não só abertos, mas ativos para parcerias e aquisições", afirmou Albernaz.
Enquanto isso, um outro plano tem despertado esforços na operadora: o crescimento no mercado corporativo (B2B). Antes da fusão, a Americanet tinha cerca de 25% da receita oriunda da vertical e a Vero, cerca de 7%. Combinadas, as empresas estão ao redor dos 15%.
"Temos condições de crescer de forma mais acelerada, para alcançar cerca de 25% a 30% ao longo do tempo", avaliou Albernaz. Um dos caminhos é a expansão do B2B para além de São Paulo, com aumento da penetração entre clientes de Minas Gerais e nas regiões Sul e Centro-Oeste.