A Satellite 2025, principal evento de satélites que aconteceu esta semana em Washington (Estados Unidos), mostrou que a preocupação de países e operadores de satélites com as discussões sobre soberania e autonomia satelital aumentou com o governo Donald Trump.
Se o assunto já era objeto de preocupação anteriormente, com a presença do controlador da Starlink, Elon Musk, no coração do governo Trump, a doutrina do "America First" também fez com que os países passassem a se preocupar ainda mais com a dependência de constelações estrangeiras. E a Starlink é, hoje, uma das empresas mais demandadas do mundo para serviços governamentais.
"A Space X e a Starlink são jardins murados, e gostaria que a Kuiper [constelação da Amazon] fosse mais aberta", disse Adam Godwin, chefe da área de satélites da Telstra, operadora australiana que tem como missão atender políticas públicas na Austrália.
Para Neha Idnani, vice-presidente regional para a Ásia da Eutelsat Oneweb, hoje muitos governos regionais estão migrando suas capacidades de GEO para LEO, mas para assegurar alguma soberania para essas operações é preciso ter alguma infraestrutura local. "Outro caminho é assegurar criptografia e outras formas de controle das informações, mas não é o mesmo modelo de um satélite geoestacionário".
Na mesma linha foi Daniel Laguna, gerente de parcerias da Telebras. Ele lembrou que o satélite geoestacionário é essencial para a soberania, já que uma constelação LEO necessariamente implica uma operação global.
"Hoje as constelações LEO precisam de suporte de governos, e a questão é se esse apoio vai continuar existindo até 2030. Pensamos que o suporte governamental é fundamental", concordou Godwin, da Telstra, durante o debate.
"Muitos países que lançam GEO estão migrando para LEO para alguns serviços. Por isso é preciso ter um conceito multi-órbita, precisa garantir o funcionamento dos serviços críticos onde tem", disse Daniel Losada, VP internacional da Hughes.