Mais do que a estratégia via preços, a América Móvil (AMX) entende que a qualidade dos produtos e serviços será fundamental para disputar espaço na América Latina e, em especial, no Brasil.

A avaliação foi feita na manhã desta quarta-feira, 12, pelo CEO do grupo, Daniel Hajj, em conferência com analistas para comentar os resultados do acumulado de 2024 e do quarto trimestre.

"Não só no Brasil, mas em toda a América Latina, temos muita competição. No Brasil, temos a Telefónica (Vivo) e a TIM. Depois, existem os novos, os pequenos que estão crescendo. Mas, em telecomunicações, todo mundo sabe que você tem que ter não só o preço", afirmou Hajj.

De acordo com o executivo que comanda o conglomerado controlador da Claro, "quando você compete apenas em preço, vai perder valor no futuro". "É preciso competir com qualidade, com cobertura, com bons produtos e com o atendimento ao cliente."

Em outras palavras, isso implica novos investimentos – algo que a companhia tem colocado esforços na América Latina nos últimos 20 anos, de acordo com o executivo. O CEO afirma que a AMX também tem digitalizado a operação, visando a redução de custos e das despesas.

Vale notar que recentemente, alguns analistas de mercado chegaram a avaliar que a Claro pode adotar postura mais agressiva do ponto de vista comercial em 2025.

Parceria com o Nubank

Questionado sobre o status da parceria com o Nubank, Hajj se mostrou satisfeito com a empreitada e negou que a NuCel possa disputar espaço com a base de assinantes pré-pagos da Claro.

"No Brasil, estamos felizes com o Nubank. Estamos indo bem. E não estamos preocupados que o Nubank possa canibalizar nossos assinantes pré-pagos. Acho que é uma aliança muito boa que temos com eles", disse ele.

Outro ponto de atenção dos analistas foi sobre o avanço em termos de usuários no mercado móvel brasileiro, segmento em que a Claro registrou aumento de 10% nas receitas em 2024. Hajj destacou que a subsidiária possui cerca de 40% de participação no 5G.

"Somos um dos maiores no Brasil. Temos uma rede muito boa, a rede mais rápida", afirmou. "E temos crescido em participação de mercado no Brasil no pós-pago há alguns anos. Então, estamos bem preparados. Estamos investindo e temos bons resultados, uma equipe muito boa e boas sinergias."

A Claro encerrou 2024 com um total de 87,1 milhões de clientes móveis no País, sendo 53,9 milhões de linhas pós-pagas. Este universo aumentou em 2,4 milhões, e o pós já responde por 61,8% da base móvel da operadora.

Mercado

Em relatório divulgado nesta quarta-feira, o BTG Pactual destacou os resultados da AMX no Brasil entre os usuários pós-pagos.

Os analistas do banco, Carlos Sequeira e Osni Carfi, destacaram o crescimento de 6,9% da receita de serviços em 2024, impulsionada pelo alta na receita de serviços móveis (+10,1%). Em grande parte, o desempenho foi justificado pelo avanço na receita do pós-pago (+13,1%).

"Enquanto isso, a receita de linha fixa cresceu 3,1% ano a ano, mostrando que a banda larga e as redes corporativas (com crescimento de 7,3% e 8,6% ano a ano, respectivamente) continuam a compensar a queda da TV paga (declínio de 3,7% ano a ano)", afirmaram os analistas.

Além disso, a avaliação é que a AMX pode oferecer um retorno via cashback de 10% aos investidores em 2025, acima da Vivo (9%) e abaixo da TIM (11%). E que a holding mexicana também tem valor descontado em relação às empresas globais integradas de telecom (5%).

"Acreditamos que a AMX é um excelente investimento para quem busca modelos de negócios estáveis, uma posição competitiva sólida, forte geração de fluxo de caixa e generoso retorno em cashback", ressaltou o BTG.

O banco recomenda a compra das a América Móvil, com preço-alvo de 20 pesos mexicanos. Às 15h52, as ações da empresa eram negociadas a 14,52 pesos na Bolsa de Valores do México. A companhia é avaliada em US$ 44,25 bilhões.