A proliferação de competidores no mercado de distribuição de conteúdo criou um ambiente propício de parcerias para players tradicionais da TV por assinatura como a Claro. Ainda assim, a avaliação da operadora é que uma reorganização da cadeia deve ocorrer no futuro, diminuindo a "confusão" atual gerada pelo alto número de ofertas.
O diagnóstico foi realizado pelo diretor de marketing da Claro, Márcio Carvalho, durante o último dia do 5×5 TecSummit. "[O mercado] está ficando confuso porque tem muita oportunidade e muita oferta de conteúdo, de aplicativos e de coisas que estão na TV ou que não estão", defendeu o executivo, na ocasião.
O entendimento é que o novo cenário vai exigir uma adaptação entre os players na cadeia: durante o debate, que reuniu representantes de Globo, Facebook e YouTube, Carvalho destacou uma perspectiva positiva para parcerias envolvendo capacidade de billing ou curadoria já existente na operadora.
Ao mesmo tempo, diante do surgimento de vários "hubs" de conteúdo distintos, a Claro entende que uma reorganização é inevitável. Segundo Carvalho, experiências como a do Reino Unido demonstraram que, em um cenário de fragmentação da audiência e de alta no custo de direitos, a tendência é que a conta não feche. "E se essa conta não fecha, obviamente que ao longo do tempo virá uma reorganização das coisas".
A adaptação do consumidor ao novo modelo pulverizado de distribuição de conteúdo deve ser preponderante na consolidação. Se a pandemia ajudou a acelerar a digitalização do consumo, a Claro também entende que a ruptura em certos elos da cadeia ainda causa estranheza. Um exemplo seria a transmissão de eventos esportivos. "O futebol não está mais todo na TV como costumava estar. Isso traz um impacto no consumidor, que muitas vezes não consegue acessar", pontuou o diretor de marketing da operadora.
Mudanças
A avaliação de Carvalho tem como pano de fundo as mudanças regulatórias que afetarão mercado de TV por assinatura neste ano. Entre elas, a decisão da Anatel que abriu caminho para a oferta de canais lineares na Internet sem a necessidade de intermediação de operadoras.
"Aquele sistema de TV por assinatura fechadinho, controladinho e bacana ficou no passado. Estamos indo para um sistema muito mais aberto, com possibilidades mais flexíveis e consumidor sedento por conteúdo", afirmou o executivo. A própria Claro já está se posicionando no novo cenário, com a oferta do Claro Box TV.
A mudança de modelos, contudo, teria mais a ver com o peso da carga regulatória do que a transformação das tecnologias em si. "A questão da isonomia ainda persiste. Está mais claro o ambiente regulatório para streaming, mas ele é desproporcional em relação à regulação e ao custo do SeAC. Isso está forçando um processo não natural por conta da regulação diferente", afirmou Carvalho.